Os ítalo-brasileiros Alfredo Mucci e Gianfranco Cerri

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Obra musiva de Gianfranco Cerri
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Um italiano "vivace", rico de boas histórias e belas obras

Gianfranco Cerri faleceu em Belo Horizonte em 2008. Desde que soube de sua morte, decorrido mais de um ano, relutei em fazer qualquer alteração aqui neste espaço que resgata um pouco de sua imensa obra. Cheguei à conclusão, depois de muito meditar, de que não devo mexer em nada. Vou deixar tudo como está. Para mim, ele continua aquele senhor bonachão que conheci no início do milênio aqui em Brasília, onde ele foi chamado a fazer alguns reparos na Igreja de Dom Bosco, na avenida W-3 sul. Caprichou em todas as peças de arte no seu interior, dos portões ao altar.  Era um homem digno que, em Belo Horizonte, havia convivido algumas décadas antes com Antônio Alfredo Mucci, este outro artista brihante a quem o Brasil deve a introdução do mosaico moderno nas paredes dos prédios de apartamentos nos anos  50 e 60 em todo o país.
Cerri, por sua vez, não centrou sua obra em mosaico, como fez Mucci, mas atuou em todos os campos possíveis para um artista com a sua formação, do bronze aos pincéis, das pastilhas ao ferro, do desenho à argamassa. São nomes ilustres e são ilustres anônimos deste país, que pouco ou nada conhece sobre aqueles que deram tudo de si para que o Brasil pudesse contar com uma arte mais sólida e melhor estruturada, seguindo o modelo da formação que receberam na Itália, berço do Renascimento.
A eles rendo minha modesta homenagem e agradeço de coração o tanto que fizeram pelas artes em nosso país. Mucci foi um grande mosaicista e fez um pouco de todas as artes. Cerri trabalhou com todas as artes e fez um pouco de mosaico. Ambos são personagens importantes que merecem ser lembrados sempre por todos brasileiros que desejarem conhecer melhor os caminhos da história da arte em nosso país.
(H. Gougon, maio de 2009)

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Muito ainda será preciso escrever sobre o papel dos italianos na realização das primeiras obras musivas no Brasil. Já sabemos da primazia da Imperatriz Teresa Cristina que, em 1852, revestiu os bancos, fontes e paredes do Jardim das Princesas, anexo ao Palácio da Quinta da Boa Vista, com quebras do serviço de mesa da Casa Imperial. Dona Teresa Cristina de Bourbon era uma princesa napolitana, carregava o mosaico na alma.
Um mosaicista italiano importantíssimo que há dezenas de anos trabalha no Brasil  chama-se Gianfranco Cerri, reside em Belo Horizonte e tem obras musivas espalhadas por quase toda parte deste país. Trata-se de um artista muito especial,  companheiro de Alfredo Mucci, outro ítalo-brasileiro que foi o último autor a escrever um livro sério sobre mosaico no Brasil. Numa obra editada pela "Ao Livro Técnico",em 1962, Mucci apresentou as diversas técnicas para realização de obras musivas e discorreu sobre um pouco do que existe em nosso país com esta linguagem, em sua época. Infelizmente, Alfredo Mucci já faleceu. Sua obra merece ser resgatada pela integridade e harmonia do trabalho que realizava e para o conhecimento das novas gerações de mosaicistas.

Outro belo painel de Gianfranco Cerri
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Este painel e o outro encontram-se hoje em Ribeirão Preto

Infelizmente, o mestre mosaicista Alfredo Mucci já faleceu, mas um de seus grandes companheiros e amigo, o também ítalo-brasileiro Gianfranco Cerri continua bem vivo e trabalhando muito em Belo Horizonte, onde mantém seu atelier, dá expediente e lições de vida e arte do alto de seus quase 80 anos. Um de seus trabalhos mais admiráveis, do qual guardo cópia e apresento neste espaço é este harmonioso painel, construido originalmente para um restaurante em Maceió, depois reinstalado em Ribeirão Preto, SP, onde permanece ornando as paredes de outro restaurante do mesmo dono. .

Uma das maiores carências para quem se interessa pela arte do mosaico refere-se à falta de livros especializados seja para admirar a arte musiva que se espalha por todo o mundo seja para conhecer o que já foi feito e o que se faz no Brasil.

O último livro sério publicado em nosso país sobre o assunto data de 1962. Editado pela editora "Ao Livro Técnico", do Rio de Janeiro, o especialista ítalo-brasileiro Alfredo Mucci escreveu o "Compêndio Histórico-técnico da arte musiva", uma verdadeira obra-prima para a época. A apresentação é de Ricardo Averini, professor de História da Arte da Universidade de Perugia, na Itália. No trabalho, Alfredo Mucci explica que a palavra mosaico vem do grego Mosaicom, que significa "paciente" ou "obra das musas". Os romanos herdaram a linguagem das musas e a difundiram pelo vasto Império, desde os confins da Ásia menor até a Lusitânia, atual Portugal. Depois do livro de Mucci não apareceu mais nada no Brasil digno de nota. O autor residiu muitos anos em Belo Horizonte, onde realizou muitos trabalhos musivos.

A globalização trouxe ao país uma infinidade de livros, americanos ou ingleses na sua maioria, o que é uma lástima, porque a melhor escola para a arte não está nem dos Estados Unidos nem na Inglaterra, mas na Itália e com forte presença também na França.

No mercado livreiro encontram-se apenas dois livros em português (de Portugal). Um deles é assinado por Fran Soller, foi editado primeiramente na Austrália e hoje possui edições em espanhol e em português. O outro foi escrito pelo catalão Joaquim Chavarria, de Barcelona. É um dos mais vendidos atualmente em nosso país. Vale a pena conhecê-lo, não apenas o livro mas seu autor que é pai de uma jovem artista residente em Brasília. (Como o mundo é pequeno, né?!) Ele já esteve na cidade em dezembro de 2001 e é esperado novamente ao final do ano corrente (2002). Aliás, todos os livros que versam sobre mosaico valem a pena de serem conhecidos e estudados, ainda que não versem exatamente sobre a técnica que a gente utiliza. Quem tiver a oportunidade de viajar à França ou à Itália, recomendo procurar qualquer um (ou todos) dos livros da professora ítalo-francesa Giovanna Galli ou do grande especialista Ricardo Licata. Na Itália, procure por Gino Severini, o grande artista companheiro de Picasso, representante destacado do cubismo e mosaicista primoroso, que escreveu o clássico "Lezioni sul Mosaico". A ele, os historiadores da arte ainda devem mais estudo a respeito de seu papel na estruturação básica das idéias cubistas. Como exímio conhecedor da arte musiva, Severini levou seus companheiros do movimento cubista - ao qual não se ligou, preferindo entrar na canoa furada do futurismo de Marinetti -  a refletirem sobre a importância da fragmentação musiva para realização da representação pictórica cubista. Valeu-se inclusive de um clássico do mosaico romano, que é uma redução musiva representando Jerusalém, do início da era cristã.

H.Gougon

Veja mais sobre Gianfranco Cerri clicando aqui!!!

 
Sobre Gianfranco Cerri encontrei na Web este pequeno texto com referência  modesta ao seu trabalho, que é muitíssimo mais vasto  do que comportaria qualquer página da rede.

CERRI - Gianfranco Cavedone

 Nasceu em Pisa, Itália, 1928. Muralista, ceramista, pintor, fotógrafo e restaurador. Trabalhou desde criança no ateliê do pai com fotografia, cinema e restauração, estabelecendo-se em Belo Horizonte em 1951, onde trabalhava com cinema e fotografia. Nesse mesmo ano recebeu o Prêmio Medalha de Ouro em Fotografia. Iniciu seus trabalhos em Belo Horizonte em 1957 quando executou, com Mário Silésio, o mural do Retiro das Pedras. Fez as seguintes mostras individuais: Pinturas, Galeria Itatiaia, BH (1969); Galeria Chez Bastião, BH (1969); Grafito, Galeria AMI, BH (1972); Pinturas, Galeria J. S., BH (1981); Pinturas, AMMG, BH (1990). Realizou vários murais, esculturas, painéis, vitrais e restaurações, entre as quais se destacam: mural para as instalações da Minas Diesel (1957); mural da Inspetoria de Trânsito (1958) e da Escola do Senai, Cidade Industrial, BH (1959), com Mário Silésio; Via Sacra da Basílica de São José, Barbacena, MG (1960); Via Sacra em cerâmica da Catedral de Juiz de Fora, MG (1961); Via Sacra em terracota da Igreja do Rosário, Juiz de Fora (1961); painéis do piso e partes externas da Reitoria da UFMG, BH (1963); painéis para a Líder Táxi Aéreo, BH e RJ (1964); Santa Ceia do Colégio Dom Bosco em Cachoeira do Campo, MG, e Vitória, ES (1973); restauração parcial do painel externo em azulejo de Portinari na Igreja São Francisco, BH (1979); restauração do painel de Portinari no clube no PIC, BH (1984); mural da Capela da Fundação Israel Pinheiro em Brasília (1987); mural do hall de entrada do Mineirão, BH (1987); monumento a Marcelino Champagnat, Colégio Dom Silvério, BH (1989); painel para a fachada da Fafich/UFMG (1990); restauração do coreto do Parque Municipal, BH (1991); escultura na Capela da Santa Casa, BH (1994); escultura para o Seminário Arquidiocesano, BH (1997).

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