Humberto Cozzo: das imagens na Catedral aos mosaicos na Sinagoga

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Torre na Sinagoga revela o esplendor da obra
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Belíssima arquitetura, verdadeiro tesouro estético

Humberto Cozzo, mármore, ferro, granito, bronze

fachada da Sinagoga: mosaicos na altura
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Humberto Cozzo, do bronze aos mosaicos

Machado na Academia, Obra de visibilidade publica
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Humberto Cozzo realizou obras de norte a sul do país

Nascido em São Paulo no alvorecer do século XX, o artista Humberto Cozzo veio ao mundo para deixar sua impressão digital na arte das esculturas, dos bustos, dos baixo-relevos e da estatuária. Embora pouco lembrado nos dias atuais, suas obras espalham-se pelo país inteiro e qualquer brasileiro, por mais desavisado que seja já deve ter passado por algum de seus monumentos, bustos ou esculturas, ainda que desconheça o autor. Para não alongar muito, é de autoria de Cozzo a imponente estátua do escritor Machado de Assis sentado à frente da Academia Brasileira de Letras, no Rio de Janeiro, conhecida por toda a população do Rio e, através de fotos, por milhões de pessoas Brasil afora.

Em 1920, ao completar vinte anos de idade, formou-se pelo Liceu de Artes e Ofícios de S. Paulo e já tinha tanta desenvoltura adquirida ao longo do curso, que faturou o primeiro prêmio de escultura no Salão do Centenário, em S. Paulo (1922). Pouco tempo depois, ganhou a medalha de prata no Salão Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro, em 1928. No ano seguinte, foi o primeiro colocado no concurso público para construir um monumento em homenagem ao escritor José de Alencar em Fortaleza. Realizou uma obra tão perfeita que significa hoje uma das mais importantes peças nacionais do período Art Deco no Brasil. 

Suas peças de arte multiplicaram-se por todo o país, algumas delas causando até enormes polêmicas como a estátua da Mulher Nua em Curitiba, que realizou em parceria com o artista Erbo Stenzel, em 1955, a quem coube fazer a estátua do Homem Nu. Esculpidas para ornar uma praça em frente a um tribunal de justiça, as obras provocaram reação dos curitibanos e acabaram separadas, sendo a do homem colocada no espaço previamente determinado e a outra, da mulher, escondida por trás do prédio. Só vieram a se juntar ao final dos anos 70, um caso típico de atraso cultural, que nem vale a pena aprofundar, até porque já foi superado.

Em Fortaleza o romancista José de Alencar
monumentojalencar.jpg
Exzemplar clássico do ART DECO brasileiro

Embora a confecção de busto seja nos dias de hoje uma atividade artística bastante desdenhada pela crítica, foi nessa atividade que Humberto Cozzo garantiu grandes dividendos, espalhando um pouco por toda parte peças retratando poetas como Hermes Fontes, Olegário Mariano e Olavo Bilac no Passeio Público do Rio de Janeiro, assim como o ex-presidente Getúlio Vargas no Museu de Polícia Civil, e  mais uma centena de outras em espaços de visitação pública, incluindo igrejas.

É dele, também , o jazigo em mármore na Catedral de Petrópolis, onde repousam os restos mortais da Princesa Isabel e do Conde D’Eu.

Faleceu em 1981, sendo a maior parte de suas últimas obras realizadas para a Catedral de São Sebastião do Rio de Janeiro, onde projetou e construiu painéis em baixo relevo e esculturas, como a imagem em silhueta de São Francisco, localizada na entrada lateral do templo. Tanto S. Sebastião, que é o patrono principal como Sant’Anna, que é patrona secundária, foram eternizadas em estátuas sacras esculpidas em granito por Cozzo.

Embora a confecção de busto seja nos dias de hoje uma atividade artística bastante desdenhada pela crítica, foi nessa atividade que Humberto Cozzo garantiu grandes dividendos, espalhando um pouco por toda parte peças retratando poetas como Hermes Fontes, Olegário Mariano e Olavo Bilac no Passeio Público do Rio de Janeiro, assim como o ex-presidente Getúlio Vargas no Museu de Polícia Civil, e  mais uma centena de outras em espaços de visitação pública, incluindo igrejas.

É dele, também , o jazigo em mármore na Catedral de Petrópolis, onde repousam os restos mortais da Princesa Isabel e do Conde D’Eu.

Faleceu em 1981, sendo a maior parte de suas últimas obras realizadas para a Catedral de São Sebastião do Rio de Janeiro, onde projetou e construiu painéis em baixo relevo e esculturas, como a imagem em silhueta de São Francisco, localizada na entrada lateral do templo. Tanto S. Sebastião, que é o patrono principal como Sant’Anna, que é patrona secundária, foram eternizadas em estátuas sacras esculpidas em granito por Cozzo.

Nos mosaicos a assinatura HCOZZO
cozzodebaixopracima.jpg
Trata-se do único painel em mosaico conhecido de Humberto Cozzo

magnífica fachada, obra para a eternidade
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Mensagem de fé em hebraico realizada em mosaicos

No que interessa nossas pesquisas, vale admirar os mosaicos que Humberto Cozzo produziu para a fachada principal, no tímpano da Sinagoga. Infelizmente, desconheço hebraico, mas há alguma mensagem ali apresentada que, espero, algum companheiro possa traduzir para apresentar aqui.

A sinagoga encontra-se fechada de uns tempos para cá, mas encontrei na Internet um site rico de informações sobre o local, uma das quais indicando a possibilidade de vir a se tornar um espaço de uso múltiplo, principalmente sob o aspecto histórico. Além de manter-se como sinagoga, poderia, segundo a informação, abrigar uma exposição permanente sobre a história dos judeus do Rio de Janeiro, como também um museu fotográfico da comunidade e até um museu do Holocausto.

 

Enfim, pessoalmente, gostaria imensamente que todas essas intenções venham a ser realizadas, até porque, embora não tenha ingressado na Sinagoga, fiquei sabendo que, no interior, haveria obras ainda mais ricas em mosaico assinadas por Humberto Cozzo.

Enfim, é mais um caso fascinante do que representa a identificação e busca das obras referenciais em mosaico realizadas no Brasil do século XX, e das que vem sendo produzidas no atual. São obras de arte refinadas que contam histórias da vida e da arte brasileiras, que identificam uma época e revelam o nome de grandes artistas que apostaram na linguagem musiva e deram o melhor de si para que ela pudesse embelezar o espaço cotidiano das pessoas de todas as crenças e de todas as origens.

 

temploisraelita06.jpg

NOTA COMPLEMENTAR

Eu já havia concluído e postado minhas emoções ao encontrar a Sinagoga da Rua Tenente Possolo com os mosaicos de Humberto Cozzo, quando "encontrei" na Internet um artigo muito rico em informações, de autoria de Ivo Korytowski , revelando que o arquiteto da obra chamava-se Vodred e que  o templo foi inaugurado em 1932 sendo que os mosaicos foram aplicados em 1976 pelo artista Humberto Cozzo. No mesmo blog, ele publica fotos do interior do templo, sobre o qual eu fora informado da presença de outros mosaicos assinados pelo mesmo artista, mas nunca cheguei a apreciá-los pessoalmente porque a Sinagoga está fechada há muitos anos. Reproduzo aqui uma das fotos do blog de Ivo Korytowski, com um link direcionado para a  página dele (basta teclar sobre a foto), a fim de que qualquer internauta mais interessado possa ir direto até a página e beber da boa água de suas fotos e informações.

Além dos mosaicos na fachada há outros no interior
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Sinagoga está fechada, mas pode reabrir para um novo tempo