Arquitetura espontânea
A arquitetura chamada “espontânea”
oferece soluções geralmente surpreendentes, fora dos padrões tradicionais e com
materiais pouco convencionais. Em comum, esses “arquitetos” têm, geralmente, a falta de formação técnica ou acadêmica
e o uso, quase indefinido e infinito de adornos, objetos, ladrilhos e cacos que vão sendo somados à obra.
Há várias pessoas no mundo que realizaram casas especiais, com criações de grande riqueza arquitetônica, como a de
Estevão Silva da Conceição, que o jardineiro baiano construiu em Paraisópolis, bairro de São Paulo, SP. É o que ocorre com
Ferdinand Cheval e Raymond Isidore, ambos na França, Simon Ródia, nos EUA, Carlos
Paez Vilaró, no Uruguai, e Friedensreich Hundertwasser, em Viena, além de artistas brasileiros.
Essas casas são construídas por pessoas em diferentes
regiões do planeta que criam, intuitivamente, residências muito especiais, que espelham a sua forma de viver. Erguem assim
locais que nascem de sua própria concepção de mundo, realizando geralmente um trabalho solitário guiados por uma força que
mescla a obstinação com a obsessão.
A composição e os adereços formam estruturas harmônicas e curiosas, diferentes, com artistas que apresentam histórias
de vida às vezes marcadas por elementos comuns, como a idéia de que a construção da casa vem de um espírito, como ocorre em
Raymond Isidore, ou por um sonho, como se dá em
Ferdinand Cheval. Ambos, no entanto, partem de uma mesma experiência: o encontro de uma pedra que lhes chamou
a atenção numa estrada.
Isso sem contar artistas que deram às suas casas tons pessoais, transformando-as em museus, como é o caso de Pablo
Neruda, com suas casas em Santiago, Valparaíso e em Isla Negra,
no Chile, Niki-de Saint Phalle e Jean Tinguely, na Itália, e o Museu de Salvador Dali em Figueras, Catalunya, Espanha.
Mas em todos esses casos, assim como o da boliviana
Pilar Espinosa Dias, em La Paz, que mistura soluções dos
indígenas locais aimaras a dos colonizadores espanhóis, eles são criadores com uma carreira consolidada, cujas casas são um
complemento de sua manifestação artística.
Carteiro francês que passou 33 anos de sua vida construindo um edifício chamado “Castelo Ideal”, em Hauterives,
ao sul de Lyon, França, considerado um exemplo de arquitetura ligada à arte naïf, Ferdinand Cheval (1836 - 1924), começou,
em 1879, a erguer o seu sonho, terminando em 1912.
Tudo começou com a sua fascinação por pedras. Durante sua rotina de trazer e levar cartas, escolhia pedras e as carregava
para construir seu castelo. Primeiro, as carregava nos bolsos, depois em cestas ou carrinhos. À noite, à luz de uma lamparina,
trabalhava incessantemente, sendo visto como um bobo pela comunidade local.
O edifício, que fica nos jardins da casa do carteiro, tem 12 metros
de largura, 26 de comprimento e 14 de altura. O interior parece uma caverna, onde duas grutas se encontram. Há ali um templo
hindu, um chalé suíço, as figuras de Sócrates e Adão e Eva, entre tantas outras.
Durante 20 anos, Cheval levantou as paredes externas, com materiais como cimento e arame para fixar as pedras. Como
queria ser enterrado ali, mas as autoridades proibiam, passou oito anos erguendo um mausoléu para si mesmo no cemitério de
Hauterives. Pouco antes de falecer, começou a receber o reconhecimento do seu trabalho pelo poeta André Breton e pelo artista
plástico Pablo Picasso. A partir de 1969, o castelo passou a ser protegido pelo governo francês.
A casa de Raymond Isidore (1900 – 1964), em Chartres, França, é uma obra-prima.
Mosaicos de vidro quebrado, porcelana e outros materiais adornam o edifício, seu interior e os jardins. Ele trabalhava
como varredor de cemitério e, durante 30 anos, utilizou 15 toneladas de cerâmica para construir a mansão Picassiette, atualmente
visitada por 30 mil pessoas por ano. O próprio termo picassiette passou a ser utilizado como sinônimo de uma técnica de utilização
de quebras de azulejo e justaposição parar gerar novos efeitos.
Filho de um pai alcoólatra e ausente, Isidore
foi condutor de bonde e camelô, entre outras funções. Em 1925, casou com Adrienne Rolland, viúva com três filhos. Três anos
depois, comprou 4 acres de terra para construir uma
casa para a esposa e os enteados. Durante um ano, trabalhando à noite a aos domingos, construiu uma cozinha e dois quartos.
Em 1937, começou a cobrir as paredes externas com mosaicos.
Apelidado de Picassiette por um jornalista, Isodore
percorria todo tipo de local em busca de jogos de chá, bandejas e embalagens de perfume usadas ou quebradas para criar desenhos
geométricos e narrativas simbólicas. Com poucas ferramentas, como colher de sopa, faca e canivete, ergueu, a partir de cacos
de azulejos, de porcelanas, cerâmicas e seixos, cenas de cartões postais de paisagens francesas, como o Monte Saint Michel,
a Torre Eiffel e a Igreja Sacre Coeur de Montmartre, entre outros.
Isadore se aposentou em 1956 para se dedicar em tempo integral à construção. Terminada a casa principal, investiu dois
anos na construção de uma capela. Entre 1958 e 1962, criou um jardim de esculturas, o Jardim do Paraíso, assim como o Portão
do Paraíso, únicas partes que contaram com a ajuda dos enteados na construção.
Sabato “Simon” (ou “Sam” para os amigos) Rodia (1879 - 1965) foi um imigrante italiano que
passou boa parte de sua vida em Los Angeles, Califórnia.
Foi no distrito de Watts que ele realizou a sua obra-prima: Watts Towers, ou seja, as Torres Watt, que começou a construir
em 1921 e terminou em 1954.
Após finalizar a obra, desgostoso com o vandalismo dos vizinhos, mudou-se para Martinez, também na Califórnia, onde
faleceu. Acredita-se que nunca tenha visto a sua obra de novo após tê-la terminado e batizado de Nuestro Pueblo (“Nosso
povo”), um conjunto de 17 estruturas conectadas, duas delas atingindo 30
metros de altura.
O principal material usado foi tubos de aço e arame, além de pedaços de porcelana, vidro, garrafas, cerâmica e conchas
do mar. Simon trabalhava sozinho, sem um plano pré-determinado e com ferramentas manuais. Crianças da vizinhança levavam pedaços
de vidro quebrado, garrafas de refrigerante verdes (7 Up) e azuis (garrafas de leite de magnésia) e cerâmica, mas a maior
parte do trabalho tinha como matéria-prima pedaços danificados da Cerâmica Malibu, onde Simon trabalhou durante anos.
Alguns vizinhos estimulavam as crianças a depredar a obra, achando que elas fossem antenas para a comunicação com as
forças inimigas japonesas na II Guerra. Outros achavam que o local escondia um tesouro. Por isso, deixou o local, que ameaçou
ser derrubado. Graças ao esforço de um comitê formado por artistas, ele foi preservado e doado ao Estado da Califórnia em
1978. Ali funciona hoje o Simon Rodia State Historical Park.
Carlos Paez Vilaró é um caso à parte. Basta ler os versos abaixo:
"Era uma casa muito engraçada,
não tinha teto, não tinha nada.
Ninguém podia entrar nela não,
porque na casa não tinha chão.
Ninguém podia dormir na rede,
porque na casa não tinha parede.
Ninguém podia fazer pipi, porque penico não tinha
ali,
mas era feita com pororó,
era a casa de Vilaró".
Quase todo mundo conhece o poema “A casa”,
de Vinícius de Morais, mas deve ter estranhado as duas últimas frases. Pois é, elas são os originais escritos pelo poeta –
e depois alterados. O Vilaró do texto é Carlos Paez Vilaró, amigo pessoal de Vinícius e idealizador da Casapueblo, a casa
em Punta Ballena, no Uruguai, onde ele compôs o texto
A casa para seus netos.
Nascido em 1923, Vilaró construiu a mencionada casa a partir de 1958 – e nela deixou marcado seu estilo muito
pessoal, resultado de um talento multifacetado como pintor, escultor, ceramista, arquiteto e escritor. Punta Ballena fica
a apenas 15 km de Punta del Este e impressiona, inicialmente,
por ser uma enorme construção branca, sem nenhuma linha reta, que se esparrama sobre as pedras à beira-mar.
Tudo começou com uma casinha simples de lata,
chamada La Pionera, que tinha também a função de ateliê.
Com o tempo, Vilaró começou a cobrir a casa com cimento e cal, pintando sempre o exterior de branco. A residência foi crescendo
e interagindo com o penhasco rochoso de Punta Ballena.
As paredes, com relevo, funcionam como se fossem veias de uma enorme estrutura orgânica. Assim como Estevão, Vilaró
mora na casa e não a considera concluída. Sempre está mexendo nos quartos e salas, que hoje ultrapassam o número de 70, batizados
com os nomes dos primeiros hóspedes, como Pelé, Toquinho, Vinícius, Robert de Niro, Brigitte Bardot, Omar Sharif e Alain Delon, entre outros.
O pintor e arquiteto austríaco Friedensreich Hundertwasser (1928-2000) era conhecido por seus projetos sem linhas retas.
Sua inspiração eram as harmonias da Natureza e suas características mais irregulares e acidentais. Utilizava ainda cores brilhantes
e criou jardins com muitos elementos ornamentais. Acreditava que seu dever era transformar as cidades sem alma, permitindo
que os habitantes vivessem de novo em harmonia com a natureza.
Nascido em Viena, em 15 de dezembro de 1928, foi
batizado como Friedrich Stowasser. Sobreviveu ao Holocausto da Segunda Guerra com a mãe e estudou apenas três meses na Academia
de Arte de Viena. Adotou o nome artístico com o que se tornou célebre em 1949 e, em 1981 recebeu o Prêmio do Estado Austríaco,
a mais alta condecoração cultural.
Sua obra-prima é o Hundertwasser Haus, um dos
lugares mais visitados de Viena, edifício construído em 1983, com janelas tortas, cores vivas, trechos cheios de plantas e
solos ondulados, com a idéia que eles imitassem as formas da natureza. Faleceu em 19 de fevereiro de 2000, de ataque cardíaco,
a bordo do navio Queen Elizabeth, em viajem para a Nova Zelândia, onde tinha uma casa que chamava de “jardim do morto
feliz”.
No Brasil, criatividade e sensibilidade são as principais marcas da obra de Estevão Silva da Conceição. Ele transformou
a casa em que mora, na rua Herbert Spencer, número 38, no bairro de Paraisópolis, em São Paulo, SP, num autêntico jardim suspenso em que cada cantinho precisa ser admirado com cuidado
para nos deslumbrar com a sua beleza, dividida em duas partes: a Casa de Pedra, onde fica a sala e o jardim, e a Casa das
Estrelas, feita com madeira, que abriga o quarto do casal e dos seus dois filhos.
Além de cuidar das plantas na parte mais alta da casa, localizada a 8
metros de altura, à qual se tem acesso apoiando-se em galhos
de concreto, num tipo de escada natural, Estevão construiu, com concreto e arame, uma espécie de árvore, toda repleta de objetos.
Há pratos, xícaras, cacos e lascas de cerâmicas
e azulejos, telefones, celulares, relógios, canecas, garrafas, bolinhas de gude, tampinhas de garrafa, velocímetros de moto,
câmeras fotográficas, moedas, duendes de gesso e cabeças de manequins, colados em argamassa, em conjuntos comparáveis aos
do famoso arquiteto catalão Gaudí.
Situada em meio a uma das maiores favelas da cidade, a casa de Estevão, parece um oásis de tranqüilidade. Isso não
só ocorre pela beleza criada pelo artista em sua casa, mas também pela personalidade
do seu dono, um homem calmo, que atuou em diversas áreas, principalmente na construção civil e como jardineiro.
É justamente na conjunção dessas duas atividades que a casa de Estevão se torna um local a ser preservado. Trata-se
de uma obra em processo, que ainda vai demorar muito para ser terminada. Como pedreiro, ele vai justapondo novos elementos
em sua árvore de concreto e, como amante das plantas, cuida dela na parte superior, de onde se tem uma vista privilegiada
da favela.
Estevão desenvolveu uma técnica toda peculiar para fazer da sua casa um jardim suspenso e um mundo de harmonia estética.
Graças ao seu sentimento, tanto como pedreiro como jardineiro, ergueu muito mais que uma casa. Seguindo seu próprio modelo,
sem referências externas, com muita criatividade, o artista baiano estabeleceu um universo com regras próprias e grande disciplina
na metodologia de construção.
Para Estevão, que dedica horas diárias à construção de sua casa, cada dia não trabalhado ali é um dia perdido. Trata-se
de um projeto sem data para terminar, mas administrado com determinação admirável. O objetivo é erguer um local ideal, que
torne a sua vida mais bonita, um espaço onde possa conviver com aquilo que mais gosta: as plantas, os objetos de louça e cerâmica
e a família.
Uma das mais célebres residências diferentes pela sua construção artística é a Casa dos Cacos, erguida pelo professor
de Geografia Carlos Luiz de Almeida, em Bernardo Monteiro,
bairro de Belo Horizonte, Minas Gerais. O edifício é todo revestido em seu exterior, por fragmentos de louça. São formadas
assim figuras, tanto geométricas como humanas. Também há esculturas de animais, realizadas com esse mesmo processo, no jardim.
De 1963 até 1989, Almeida se dedicou ao projeto.
A residência é totalmente revestida artesanalmente de cacos de louça e vidros, inclusive os móveis, utensílios e adereços
internos. O resultado, entre o exótico e o surreal, é conhecido no Brasil e no exterior, já que os fragmentos de mosaico encantam
pela forma como as cores são combinadas e como são reordenados os diversos pedaços.
Já no bairro do Alto da Mooca, em São Paulo, SP,
o imigrante ucraniano Jakim Volanuk, nascido em 1900 e falecido na década de 1990, criou o seu Simitério de Adão e Eva. Trata-se
de um espaço, no terreno de sua casa, em que montículos de pedra e textos sagrados se mesclam.
O local foi registrado inclusive num curta-metragem,
intitulado Simitério, de Carlos Augusto Calil, realizado em 1975, que buscou, de forma didática, mostrar o espaço em três
momentos: o Gênesis do Velho Tratamento; o delírio do meio-dia com o sol a pino e o sonho da viagem ao céu; e a consumação
do Apocalipse.
Outra residência curiosa é a de Helenita Queiroz
Grave Minho, em Madre de Deus, Estado da Bahia, cidade com 12 mil habitantes a 50
km de Salvador. São três pavimentos equilibrados em menos de 2 metros de largura, que abrigam duas salas, cozinha, três suítes e uma varanda. Neste caso,
a criatividade está na forma de ocupar um espaço restrito.
Outro exemplo significativo é a Casa da Flor, em São Pedro
da Aldeia, Rio de Janeiro. Construída por Gabriel Joaquim dos Santos (1892-1985). Ela começou a ser erguida em 1912, quando
seus criador decidiu morar sozinho para dar vazão à sua arte. Mas foi, segundo se conta, partir de 1923, após um sonho, que
o espaço se tornou uma progressiva obra de arte.
Dessa data até a morte, Gabriel passou a usar
o lixo abandonado nas estradinhas da região, como cacos de cerâmica, de louça, de vidro, de ladrilhos e objetos como velhos
bibelôs, lâmpadas queimadas, garrafas partidas, conchas, pedrinhas, correntes, tampas de metal, manilhas e faróis de automóveis
para concretizar o que imaginava.
Essa mescla de lixo e cacos deu origem a um mundo por muitos comparado ao de Gaudí e cuidado e estudado pela professora
Amélia Zaluar, que conviveu com o artista entre 1978 e 1985. A
casa mereceu inclusive comentário do escritor Ferreira Gullar, que viu nela “a obra de um negro trabalhador da salina,
que nunca deixou de morrer o menino que trazia dentro de si”.
Com o objetivo de preservar e divulgar a casa e o trabalho de Seu Gabriel, um grupo de admiradores criou, em 1987, a Sociedade de Amigos da Casa da Flor, hoje Instituto Cultural Casa
da Flor, uma entidade civil sem fins lucrativos que ajuda a preservar o espaço, restaurado em 2001, após quase ser destruído
pelo tempo.
Em Nova Friburgo, também Rio de Janeiro, no
distrito de Campo do Coelho, está o Jardim do Nego, criação do artista plástico autodidata Geraldo Simplício. Conhecido como
Nego, ele transformou o jardim de seu sítio em um espaço onde esculturas gigantescas são criadas a partir do formato natural
de rochas, complementadas com barro e cobertas por musgo. Essa proteção vegetal garante a durabilidade das esculturas.
Nego, nasceu em Aurora, no Ceará, no dia 24 de fevereiro de 1943. Inicialmente escultor em madeira, realizando santos
e ex-votos, fez sua primeira exposição em Crato, CE, em 1966. Mudou-se para o Rio de Janeiro, onde residiu no Mosteiro de
São Bento e teve o talento reconhecido. Mudou para Nova Friburgo em 1969.
O maior destaque é a obra intitulada O presépio interativo, de aproximadamente 6 metros de altura, em que uma manjedoura vazia convida o visitante a sentar no lugar do Menino
Jesus, rodeado pelas figuras de Maria, José, os Reis Magos, um boi, um burro – e uma parteira.
Em Mato Grosso, no município de Vargem Grande, perto de Cuiabá, Vitória Basaia habita uma
casa peculiar. Ali, em suas esculturas nos jardins e nos baús reais e simbólicos, guarda o próprio tempo. Sua poética é a
de nada deixar estático ou não-aproveitado. Seu compromisso é o de produzir sempre e de surpreender a si mesma e aos outros
com suas soluções. Cada parede, corredor e canto da casa exerce essa função com
primor.
Ela constrói o próprio mundo na casa e, nesse aspecto, as pinturas nos muros do jardim e as esculturas e rostos entre
as folhagens ou em locais inesperados das paredes alertam para a possibilidade de conceber o espaço como a plenitude de uma
proposta estética: a de que só existe a proibição do comodismo e da estaticidade.
Em Florianópolis, Santa Catarina, Eli Heil criou
seu Museu Mundo Ovo, transformado em Fundação em 1993. É uma casa que conta com mais de 2 mil trabalhos, incluindo esculturas
no portão e no jardim além de numerosas telas. Nascida em Palhoça, SC, em 1929, Eli atuava como professora de Educação Física
até, aos 33 anos, ter uma doença que a deixou de cama por 5 anos.
Teve então um sonho em que um pássaro no telhado
lhe mostrou um quadro, perguntado se ela poderia fazer aquilo. Ela conta que respondeu sim, estabelecendo um acordo plástico.
Esse pássaro, imortalizado numa escultura com 4 metros
de altura, está no jardim da casa e no seu bico tem pendurado um coração: o da artista.
A existência dessas casas peculiares mostra um amplo limiar de possibilidades e, acima de tudo, de ricos caminhos para
cada pessoa, seja artista plástico profissional ou não, dar vazão a sua visão de mundo. Seja no trabalho com fragmentos e
justaposição de objetos ou no ato de projetar e construir ambientes, os criadores aqui mencionados oferecem suas respostas
– muitas surpreendentes – ao mundo. Só por isso, ainda mais quando acompanhados por resultados encantadores ou
assombrosos, já merecem nossa observação atenta e estudo aprofundado.
Oscar D’Ambrosio mestre em Artes Visuais
pela UNESP, integra a Associação Internacional de Críticos de Artes (Aica – Seção Brasil).
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