Sérgio Honorato, padrão de excelência na arte do mosaico
Neste site já foi possível exibir e provar a enorme produção de obras de arte em mosaico neste país. Muitas
delas foram realizadas por artistas atuantes ou já falecidos, alguns muito conhecidos e outros nem tanto, por pessoas jovens
e por idosos, por homens e por mulheres, com muitas obras ou com poucas ou até com apenas uma única peça, mas de valor indiscutível.
Os materiais empregados nos mosaicos aqui exibidos são de todos os tipos, das
pastilhas vítreas às pastilhas cerâmicas, das quebras de azulejos aos mármores, granitos e outras pedras duras.
Quando se pensa que a catalogação já não tem a quem mais referenciar, eis que o vento da perplexidade
nos desafia o conhecimento, revelando um novo e rico veio de produção artística, com uma apresentação arrebatadora e vasta,
exigindo um novo fôlego para absorver e compreender essa luz criativa por onde jorra uma produção artística densa, cobrando
sua presença e importância no mundo da arte musiva.
Estamos falando da obra singular do catarinense Sérgio Honorato, que nos últimos 11 anos vem apresentando
uma quantidade plural de peças em mosaicos com cortes de pisos e revestimentos cerâmicos que não permitem a ninguém ficar
indiferente. O vigor e o rigor de seu trabalho arrebatam o espectador, sensibiliza pelo apuro técnico e desconserta qualquer
pessoa pelas emoções que desperta. Tudo isso deriva das opções visuais trazidas
pelo artista quanto da força dos recursos que exibe nas quebras exatas do material empregado.
Sua obra prende e apreende o observador igualmente pelo controle que possui no emprego das sombras e das
cores das partes distintas do corpo de seus personagens, conseguindo uma espécie de tridimensionalidade no plano de seus trabalhos!
A perfeição está em todos as suas peças e o artista a controla conforme sua conveniência, exibindo qualidade, esbanjando talento.
Sérgio Honorato é catarinense da cidade de Criciúma. O que chamou a atenção para sua obra foi uma tese
de mestrado da professora Silésia de Aguiar Mendes Maciel, da sua cidade, que buscou na obra plástica do artista os elementos
didáticos para despertar e desenvolver um projeto que ganhasse a atenção dos alunos e os envolvesse com as questões artísticas.
E é da professora Silésia a revelação sobre um dos segredos do fazer artístico de Sérgio Honorato.
“Caminhar no centro da cidade nas manhãs de sábado com a
câmera fotográfica é um dos passatempos preferidos de Honorato que sempre foi apaixonado pela mágica de parar o tempo numa
imagem fotográfica, congelando expressões que contam histórias. Depois vem o desafio de expressá-las no suporte utilizando
cacos de cerâmica. As obras da fase cotidianas mostram claramente essa
intenção do artista”, explica a professora de Criciúma em sua dissertação.
O artista nasceu em 1963. Sua iniciação na arte do mosaico veio a ocorrer em 1999, quando enviou cartas
a várias empresas dedicadas à produção de revestimentos cerâmicos, comprometendo-se a fazer um trabalho em mosaico a quem
fornecesse o material. A empresa Ceusa acreditou na proposta e forneceu o que ele pedia. Logo em seguida, Sérgio Honorato
brindou a firma com a realização de uma leitura em mosaico da obra “Baco”, de Caravaggio, surpreendendo a todos
pela beleza da peça.
O mais estranho neste episódio é que até aquele momento, o artista nunca havia feito nada em
mosaico. Foi sua primeira obra e resultou numa homenagem à cidade de Urussanga, que é um
pólo produtor de vinho em Santa Catarina. Baco, como se sabe, é o deus mitológico do vinho. Depois
dessa primeira obra, lá se vai pouco mais de uma década, o artista não parou mais de produzir trabalhos em mosaico, todos
de fino acabamento e de perícia invejável.
Outro fato curioso é que Honorato também se vale de pintura com tinta acrílica para compor algumas partes
de sua obra. As cenas principais, aquelas que emocionam o fruidor da obra de arte, são realizadas com cortes cerâmicos, com
um toque preciso de tamanho e cor. Os detalhes de fundo, em algumas peças, são em tinta acrílica. O realismo das peças de
Honorato impressiona de tal forma que uma de suas obras, mostrando três músicos tocando seus instrumentos, ganhou dele o título:
“os enganadores da morte”. É de uma beleza estonteante e exala tanta vida que imortaliza a alegria dos músicos
naquele momento. Obra-prima!
HGougon, fev2010
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