Os pisos
em mosaico dos velhos palácios e casarios de Belém
Além das gigantescas mangueiras centenárias, do mercado do Ver-o-Peso, da Basílica de
Nazaré, do cais do porto e de outros logradouros aprazíveis, a cidade de Belém do Pará abriga uma quantidade apreciável de
edificações antigas, conhecidas como solar, palacete ou mesmo palácio, impressionando seus visitantes pela dignidade das linhas, quase sempre do período neo-clássico.
Alguns desses prédios abrigam pisos em mosaico em pastilhas que ainda hoje podem ser vistos
e apreciados. Tanto a arquitetura quanto os mosaicos dos pisos, todos eles importados de ateliês franceses, dão uma idéia
do esplendor no período “belle époque” vivido pela cidade durante o apogeu proporcionado pela borracha desde a
última década do século XIX, até 1909, quando as exportações caíram vertiginosamente. Além dos pisos em pastilhas, também
foram providenciados pisos em mosaicos de madeiras, escolhidas entre espécimes raras da Amazônia.
Dentre todos esses prédios, possivelmente o mais rico ou de maior significado histórico
seja o Palácio Lauro Sodré, construção anterior ao surto da borracha. Foi edificado no século XVIII, surgindo das pranchetas
do arquiteto italiano Antônio Antonio Giuseppe Landi.
Alguns historiadores admitem que a iniciativa da Coroa Portuguesa de construir o Palácio
teria partido do Marquês de Pombal. Sua intenção, na época, decorria do propósito de convencer o Rei Dom José I a se afastar
das intrigas de Lisboa e transferir-se provisoriamente para a Província do Grão Pará. Se a versão procede ou não ainda é área
de debate entre os historiares dos dois lados do Oceano. O fato é que em 1771, o Palácio foi erguido a partir dos traços de
Landi.
Os pisos em mosaico só foram aplicados posteriormente, adquiridos na França, durante a
reforma das instalações, no auge da borracha, quando o Palácio abrigava a sede do governo estadual, na gestão do então governador
Augusto Montenegro, que permaneceu por dois mandatos, de 1901 a 1905 e de 1905 a 1909. Além dos pisos em pastilhas importadas, foram providenciados mosaicos
igualmente sofisticados em madeiras raras da floresta amazônica.
Piso do Palacete Montenegro, hoje Museu da UFPA |
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Esplendor até nos pisos em mosaicos importados |
O próprio Montenegro construiu um palacete para sua residência e incluiu entre os requintes
da casa um tapete em mosaico. Recentemente, o palacete foi transformado em Museu da Universidade
Federal do Pará (MUFPA). O mesmo ocorreu com o Palácio Lauro Sodré, que teve suas instalações modificadas para se tornar o
Museu Histórico do Estado do Pará (MHEP).
Vale a pena visitar os dois Museus, não apenas pela farta documentação neles abrigada,
mas também para apreciar a arquitetura dos dois prédios e os pisos em mosaico, que não deixam dúvida sobre a riqueza dos áureos
tempos da borracha em Belém do Pará.
Além desses dois prédios, seria muito proveitosa uma visita ao Teatro da Paz, que abriga
um tapete em mosaico do mesmo período e, provavelmente, adquirido nos mesmos ateliês franceses que fizeram obras semelhantes
para o Palacete Montenegro e para o Palácio Lauro Sodré.
O Teatro também foi construído em estilo neoclássico, projetado pelo engenheiro Tibúrcio
Pereira Magalhães entre 1868 e 1874. É obra que orgulha os paraenses, tanto quanto o Teatro Amazonas, que é, igualmente, referência
cultural e turística dos amazonenses.
hgougon, fev.2010
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