A VILA NÃO QUER ABAFAR NINGUÉM, SÓ QUER MOSTRAR QUE FAZ CALÇADAS TAMBÉM
FEITIÇO DA VILA |
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João Batista Vianna Drumond, o Barão de Drumond, natural de Minas Gerais,
entrou para a história do Brasil por ter criado o jogo do bicho, uma contravenção centenária que se espalhou por todo o território
nacional, a partir do Rio de Janeiro, onde o aristocrata do Império morou a maior parte de sua vida. Mas o jogo do bicho não
nasceu como contravenção. Muito ao contrário, o Barão foi o responsável pela formação do primeiro Jardim Zoológico da cidade
e, para estimular a visitação ao local onde foi instalado, criou uma loteria premiando quem havia comprado ingresso para ver
os bichos. O que fizeram depois com isso é outra história.
ERNESTO NAZAREH |
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APANHEI-TE CAVAQUINHO |
A visão empresarial do Barão exibe seu descortino a partir de 1871, quando
manifesta interesse na exploração da Fazenda do Macaco, uma área que Dom Pedro I presenteara a sua segunda esposa, a Imperatriz
Amélia de Leuchtenberg, uma princesa bávara, neta da Imperatriz Josefina, mulher de Napoleão. Logo, o Barão obteve concessão
para instalar uma linha de ferro carril ligando o centro da cidade do Rio de Janeiro às terras da fazenda. Conseguida a concessão,
foi ainda mais longe: propôs à Corte a compra da fazenda com a intenção de fazer ali um bairro novo – a Vila Isabel
–, nome escolhido em homenagem à filha do Imperador Dom Pedro II.
Uma companhia urbanizadora foi criada pelo Barão, que decidiu fazer da Vila
um bairro de linhas modernas semelhantes às de Paris. Um grande eixo foi traçado em forma de avenida, arborizada no centro.
Assim nasceu o Boulevard 28 de Setembro – Boulevard por ser uma avenida de estilo francês e 28 de Setembro por ser o
dia em que a Princesa Isabel assinou a lei do Ventre Livre, que tornava livres todos os filhos de escravos nascidos a partir
daquela data.
ARY BARROSO |
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AQUARELA DO BRASIL |
Deve-se ao arquiteto Orlando Madalena a idéia genial, lançada em 1964, de
construir em Vila Isabel, berço do samba, as chamadas “calçadas musicais", a pretexto de continuar as comemorações do
quarto centenário da cidade do Rio de Janeiro.
Era uma idéia simples, mas de uma originalidade sem limites: desenhar com
pedras portuguesas, nas calçadas do bairro, as pautas musicais dos autores que marcaram época na música popular brasileira
até então, a começar por Chiquinha Gonzaga e com destaque especial para Noel Rosa, o grande compositor da Vila.
ORESTES BARBOSA |
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CHÃO DE ESTRELAS |
O que não faz uma idéia! E pensar que tudo começou quando o arquiteto apresentou
a proposta em uma reunião do Lions Clube de Vila Isabel e ela foi logo aprovada por unanimidade. Logo se formou uma comissão
de trabalho, que deu ao compositor "Almirante" a incumbência de selecionar as músicas, ao maestro "Carioca" a missão de simplificar
as partituras e ao arquiteto Hugo Ribeiro a elaboração do projeto decorativo das calçadas. Depois, foi só procurar a Prefeitura carioca, que assumiu o projeto e entrou com as pedras e os calceteiros
– esses ilustres anônimos que tanto deram de seu esforço e talento para moldar nas calçadas brasileiras as melhores
páginas da arte musiva nacional.
Vale uma visita ao local, que é um espaço riquíssimo e de grata memória do
Rio antigo. E relembrar Chiquinha Gonzaga: “Ó abre-alas, que eu quero passar”.
JURA |
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SINHÔ |
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