Painel de Clóvis Graciano em Goiânia: uma
novela sem fim
Em outra página aqui neste site, foi comentado o projeto de um vereador polêmico de Goiânia, aprovado pela Câmara de Vereadores, determinando a reconstrução
do painel denominado “Os Trabalhadores”, de autoria de Clóvis Graciano, que foi totalmente demolido por agentes
da ditadura militar logo após o endurecimento do regime militar demarcado pelo AI-5.
Desde a decisão
de reconstruir o painel pela Câmara de Vereadores, em 2003, a iniciativa vem ocupando relatórios e mais
relatórios da municipalidade, sobre a conveniência da reconstrução.
Desgraçadamente,
a matéria não avança. Entra prefeito e sai prefeito e ninguém toma providência efetiva para a reconstrução do monumento. Os
pareceres se multiplicam, sem que a obra deixe o papel. Em 2003, logo que o projeto foi aprovado, o então prefeito Pedro Wilson
avançou bastante nos trabalhos de recomposição da memória do monumento.
Uma petição ao
povo de Goiânia logrou o surgimento muitas fotos documentais do monumento, essenciais para sua recomposição. Entre as cenas
do painel de Clóvis Graciano chama a atenção a evocação do chamado “massacre de Chicago”, no qual trabalhadores
em greve foram enforcados por agentes pagos pelos tubarões da indústria automobilística norte-americana.
PROJETO PARA NOVA PRAÇA DOS TRABALHADORES |
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PROJETO JÁ EXISTE : SÓ FALTA VONTADE POLÍTICA |
Esta cena teria
motivado a ira dos agentes da ditadura que numa madrugada do início de 1969 destruíram o monumento com picaretas e porretes.
Uma vergonha para a cidade e os brios goianenses. A recomposição do painel, se
for concretizada, como se espera, resgatará não somente a memória artística da capital do Estado como também a auto-estima
dos cidadãos goianos.
FOTO HISTÓRICA DA CONSTRUÇÃO DO MONUMENTO |
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Afinal, a municipalidade
de Goiânia já elaborou conclusivamente um novo projeto de monumento para abrigar a obra-mural de Clóvis Graciano. O que falta
apenas é a decisão para concretizá-lo.
Em relatório de
2003, o então prefeito Pedro Wilson deixava claro o compromisso de execução da obra e já tinha inclusive estimativa de orçamento.
Eis um trecho do relatório elaborado e por ele firmado:
Foram contatadas duas empresas fornecedoras de material compatível com
o original do painel e estas forneceram orçamentos estimativos do custo do material. A Vidrotil de São Paulo e a Arquitetura
e Luz de Goiânia. Os demais orçamentos foram estimados pelo próprio GT, que chegou a um valor médio para a reconstrução apenas
do monumento de R$ 150.000,00 (cento e cinqüenta mil reais);
Foram
ainda ouvidos os artistas, contemporâneos dos fatos, Maria Guilhermina, Ângelo Katenas, Elder Rocha Lima, Heleno Godoy, Miguel
Jorge, Amaury Menezes e D.J. Oliveira em relação às dimensões sócio-política e estética que envolvem a reconstrução do dito
Monumento. Fomos informados que o próprio Frei Confaloni liderou um movimento pela reconstrução do Monumento;
Foram ainda ouvidas pessoas ligadas à construção do monumento, especialmente o sindicalista Pedro Ribeiro dos Santos, ex-presidente
da Federação dos Trabalhadores de Goiás e anistiado político, que o reivindicou, além do depoimento do Engenheiro Farid Helou,
2 que o construiu ;
Fez-se ainda um apelo à comunidade goianiense através do jornal
“O Popular” para que todos aqueles que possuíssem fotos ou documentação sobre o Monumento pudessem fornecê-las
ao GT
41para
cópia digital. Em relação a esse último item, vale ressaltar que alguns goianienses responderam ao apelo de forma expressiva.
Ferroviários, ainda hoje moradores do Setor Norte Ferroviário, informaram que possuem algumas fotos. O fotógrafo Hélio de
Oliveira, principal documentarista de Goiânia, forneceu ao GT cópias digitais de fotos importantes que constam de seu acervo
particular, sendo estas agregadas ao relatório.
pela transcrição, H.Gougon 2010
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