José Carlos Menezes é seguramente um dos mais interessantes mosaicistas da Capital da República onde, durante
muitos anos, exerceu a advocacia, trocando-a já na maturidade pela arte de produzir mosaicos. Tanto se aprofundou no assunto
que realizou diversos cursos na Itália, em Ravena e Spilimbergo, tornando-se uma referência no assunto em Brasília. Construiu
num bairro aprazível nas proximidades do Palácio Alvorada uma casa inteiramente dedicada ao mosaico, seu estudo, pesquisa,
realização e ensino.
Dele recebi nesta semana as fotos que reproduzo aqui de uma obra que conheceu há poucos dias (estamos em
outubro de 2005) realizada em uma igreja no Bairro Bom Pastor, de Juiz de Fora (Minas Gerais). Enviou-me foto com detalhe
da assinatura do artista: A. Tanzini.
Interessei-me pelo trabalho e logo descobri que se tratava de um artista italiano, com passagem pelo Brasil,
ou seja um caso semelhante a muitos outros que a gente encontra pelo país afora, agigantando-se em nomes como Franco Giglio
(no Paraná), Nardi (em S. Paulo), Alfredo Mucci (em Minas), Bramante Buffoni (em S. Paulo), etc.
Logo foi possível descobrir na Web uma aluna de Tanzini, Sra. Freya Gross, hoje quase nonagenária, que nos
anos 50 fez um curso de cerâmica com Tanzini. Por ela, fiquei sabendo o que significava o A. de Tanzini inscrito na obra de
Juiz de Fora: Angelo Tanzini. Viveu no Vale do Itajaí, em Santa Catarina e em Minas Gerais, mas já nos anos 60 partiu de volta
para a Itália e ao encontro de sua filha, que lá morava.
Freya Gross tornou-se uma ceramista respeitada em Blumenau onde mora. Seu estudo de cerâmica com Angelo
Tanzini acabou por mudar sua vida, tendo se devotado à arte com tanto empenho e dedicação que a atividade proporcionou novo
sentido e significado à sua existência. O trabalho que exerceu nas últimas décadas valeu uma tese de mestrado da professora
de História da Religiões, Ute Petersen, de quem extraio o seguinte trecho escrito por ela:
"Na década de 50/60 finalmente Freya se identifica com a ocupação que vai lhe dar sentido à vida de forma
quase que definitiva, poderia se dizer. Conhece Ângelo Tanzini, escultor e ceramista italiano, e dele aprende todas as técnicas
desde a escolha da argila, a queima , as cores, os cuidados... Embora nem sempre se sinta apoiada pela família, Freya não
pára mais. Ela confessou certa vez que: "Quando a gente faz o que gosta, a gente sempre pensa que não deve, não tem o
direito".
Por último,a professora Ute Petersen concluiu que no caso dela a arte é uma ótima terapia, mas
é preciso também ter força de vontade e buscar, mesmo que para isso tenhamos que trabalhar arduamente.