PAULO WERNECK, O MAIOR EXPOENTE DO MOSAICO BRASILEIRO NO
SÉCULO XX
A capela restaurada: mosaico de Paulo Werneck |
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O que se trata aqui é de um reconhecimento à obra, ao homem e ao artista que mais fez
pela arte do mosaico neste país, através da concepção e execução de painéis modernistas ao longo de mais de quatro décadas,
sempre originais, surpreendentes, grandiosos e impecáveis sob qualquer ponto de vista.
Paulo Werneck nasceu em 1907, no Rio de Janeiro, tendo se destacado inicialmente
nas artes plásticas por meio de seus desenhos, quadros, vitrais e relevos esculturais. Nos anos 40, abraçou a técnica
dos painéis em mosaico, por indicação dos irmãos Roberto, empresários da construção civil no Rio de Janeiro. Werneck era um
nacionalista militante e chegou a trabalhar como colaborador em jornais de esquerda, no Rio de Janeiro, de 1929 até 1975.
Ainda no Rio, uma de suas primeiras obras foi um mural no Edifício-sede do Instituto de
Resseguros do Brasil (IRB), datado de 1942, que já não existe mais. Foi destruído depois que o IRB mudou de endereço. Uma
lástima pois era um trabalho de referência, o primeiro de uma lista enorme de obras delicadas para com a cidade do Rio de
Janeiro.
Depois desta, Werneck não parou mais de produzir mosaicos para as entradas dos edifícios
cariocas. Na rua Décio Villares, no Bairro Peixoto, é possível apreciar uma obra altamente significativa por sua beleza
plástica. Já é dos anos 50, uma década que modificou o panorama das grandes
cidades pelo processo acelerado de verticalização.
Na entrada de prédio comercial na Senador Dantas |
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No centro da cidade, na Rua Senador Dantas, há outro painel multicolorido na entrada do Edifício
Seguradoras, no Centro do Rio de Janeiro. Quem frequenta o local são representantes de firmas comerciais, agentes
empresariais, bancários e pessoas afins. Vale a pena entrar no prédio e conhecer de perto o trabalho que,
de certa forma, se apresenta acanhadamente na lateral inferior de uma área de entrada no elevador. A empresa construtora foi
a MMM Roberto, uma das principais contratantes de obras a Paulo Werneck.
painel rodeia banco em frente à Candelária |
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Já na Praça da Candelária, nas antigas instalações do Banco Boavista, o espaço brinda
o visitante com uma sucessão de desenhos modernistas, alegrando o espaço e dando um novo significado à área. A realização
dos painéis decorreu de convite do arquiteto Oscar Niemeyer, que projetou o prédio. Aliás, boa parte dos painéis de Paulo
Werneck resultou de indicação de Oscar; outra parte veio dos irmãos Roberto, empresários vitoriosos do ramo da construção
civil desde a década de 40.
Obra de PW na entrada de prédio em Copacabana |
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Rua AnitaGaribaldi |
Como não poderia deixar de ser, Paulo Werneck participou ativamente do período
de verticalização de Copacabana, ali pelas décadas de 50/60. É possível identificar obras de sua autoria na rua Anita Garibaldi,
esquina com Na. Sra. de Copacabana, assim como na Rua Dias da Rocha e também no Leme (Edifício Maracati) e outras
mais no Posto VI, esquina de Na. Sra. de Copacabana com Francisco Sá (prédio MM Roberto) e no interior de um prédio em frente
a este, na agência Estilo do Banco do Brasil na Av. Na. Sra. de Copacabana.
Painel no edificio Maracati, no Leme (RJ) |
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No interior do prédio há uma segunda peça de PW |
Em Cataguases, Minas Gerais, Paulo Werneck participou da aventura modernista que foi a
construção de um colégio secundarista em companhia de todos os grandes expoentes do movimento na década de 50: Oscar Niemeyer,
Portinari, Burle Marx, Bruno Giorgi, Ceschiatti, Djanira e vários outros. Além
do colégio, Werneck realizou obras nas fachadas da residência da família Peixoto, que foi responsável pelo surto modernista
dos anos 50 na cidade. A família Peixoto prosperou com a cidade, investindo no ramo da tecelagem, que por décadas alavancou
a economia do município.
OBRA NA FACHADA DA RESIDÊNCIA DA FAMILIA PEIXOTO |
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PAINEL DE REFERÊNCIA EM CATAGUASES |
Tudo que já escrevi ou vier a escrever ainda será pouco para fazer justiça à importância
da obra de Paulo Werneck. Ele foi e sempre será o principal mosaicista brasileiro de todos os tempos. Morreu em 1987, depois
de uma vida artística inteiramente dedicada à realização de obras em mosaico. Neste espaço foi possível falar de
muitos nomes ilustres que realizaram peças em pastilhas, mas, na maioria dos casos, esta não era a linguagem principal de
suas respectivas obras. O caso de Werneck é diferente. Ele nunca delegou suas peças à execução por terceiros, como também
nunca se ocupou com a execução de projetos que não os de sua livre criação. E os que fez não foram poucos.
Seus trabalhos com pastilhas espalham-se por todo o país, a maioria visível no Rio,
Cataguases, Belo Horizonte e Brasília. Duas décadas após sua morte, ocorrida
em 1987, seus herdeiros efetuaram um trabalho de identificação e catalogação, com patrocínio da Petrobrás, que resultou numa
Exposição no Paço Imperial do Rio de Janeiro, de setembro a novembro de 2008.
Obra de Paulo Werneck em fachada de prédio |
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Na Rua Dias da Rocha Em Copacabana, Rio de Janeiro |
Muito do resgate foi possível graças à preservação, quase intacta, do ateliê de Paulo
Werneck, localizado no pavimento inferior de um edifício residencial no bairro de Laranjeiras, no Rio, onde morou por muitos
anos. O ateliê, na verdade, era uma espécie de “bunker”, construído durante a II Guerra, por recomendação da ditadura
Vargas, para prevenir um eventual bombardeio, que nunca ocorreu. Na prática, o bunker veio a ser útil, por ironia do destino,
como um espaço de encontro dos companheiros de Werneck, militantes como ele nas fileiras do velho Partido Comunista, o “Partidão”,
como era conhecido. Essa inclinação política do artista me sensibilizou desde o primeiro momento em que consegui algumas informações
sobre sua vida pessoal e artística. Se estamos vivendo hoje um período de liberdade e democracia, entendo que é preciso respeitar
e reverenciar aqueles que lutaram para que isso se tornasse realidade. Em Paulo Werneck credito não apenas minha admiração
e respeito por sua obra artística, mas sua postura de vida, suas convicções políticas e sua coragem cívica. Trata-se de uma
admiração integral.
Desde meus primeiros contatos com a obra do artista, ainda nos anos 90, fiquei atônito
por não descobrir nada sobre sua vida, quando nasceu, quando morreu, onde estudou ou morou. O Google ainda engatinhava, não
havia menção ao artista, até que um belo dia, descobri um site francês enaltecendo a literatura infantil brasileira, com destaque
para um livro sobre “A lenda da Carnaubeira”, com ilustrações de Paulo Werneck. A responsável pelo site era sua
sobrinha, Leni Werneck, que logo me colocou em contato com a filha do artista, a professora Regina Yolanda Werneck, residente
na ilha de Paquetá e autora festejada e premiada de livros para a infância e juventude. Vem a ser mãe da conhecidíssima jornalista
Paula Saldanha, principal expressão de um programa vitorioso de televisão, Expedições,
que comemorou 25 anos de presença na vida da televisão brasileira em outubro de 2003, festejados numa mostra exibida no Palácio
Itamaraty, em Brasília. Espero que em 2013, ela retorne ao mesmo local para comemorar os 35
anos do programa.
No Itamaraty, uma das principais obras de Werneck |
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Encontra-se no 8º andar do edificio anexo |
Por ocasião da mostra dos 25 anos do programa Expedições, fiquei sabendo da existência
no Palácio Itamaraty, em Brasília, de um painel de Paulo Werneck no interior do prédio anexo, exatamente no oitavo andar,
onde antes havia um restaurante e hoje abriga o Departamento de Administração.
O painel é impactante, mas a peça desgraçadamente anda precisando de raparos urgentes.
As rachaduras são cada vez mais visíveis. Essa situação de aparente descaso talvez explique porque tive que penar um bocado
para poder chegar a ele e fotografá-lo. Originalmente, o espaço em que a obra se encontra foi usado como um restaurante dos
funcionários administrativos, mas com o tempo, tornou-se dependência do Departamento de Administração do Itamaraty, que os
diplomatas tratam por D.A. em seu jargão habitual.
Por abrigar instalações administrativas, o acesso é vedado a terceiros, como eu. Na época
em que descobri a existência da obra, por volta de 2004, recorri a um diplomata de carreira que era Secretário de Cultura
de Brasília, Pedro Bório, que me proporcionou uma carta de recomendação, mas ainda assim tive que esperar dois meses para
ser autorizado a chegar ao local.
Antes disso, precisei explicar meu interesse na obra do artista.
Em seguida, quando finalmente cheguei ao local da peça, ainda tive que suportar
as imprecações de um diplomata afetado, diretor do D.A., que me fez indagações idiotas sobre o painel de Paulo Werneck. A
simples lembrança desse encontro ainda hoje me enoja.
Recentemente, durante um viagem entre Brasília e Rio de Janeiro, li numa revista de bordo
uma reportagem mostrando que há uma nova geração de diplomatas ingressando no Itamaraty com um perfil bem diferente, mais
com cara de Brasil, que vem transformando o sentido da carreira, o que me deixou muito feliz e confiante na nova diplomacia
brasileira.
Fortuitamente, alguns dias após haver localizado e fotografado o painel de Paulo Werneck
no Itamaraty, fui surpreendido mais uma vez pela vastidão da obra do artista. Localizei e fotografei numa clínica de Botafogo,
no Rio de Janeiro, um outro painel que guarda algumas semelhanças com aquele, tão escondido em Brasília. Pois o painel
da Clínica Sorocabana presenteia seus pacientes e visitantes com uma também encantadora obra de PW. Exemplar.
Para se atentar à vastidão da obra de Paulo Werneck, basta considerar que, para o Banco
do Brasil, nos anos 50 do século passado, ele chegou a elaborar uma centena de obras de arte em agências de várias cidades
do Brasil. O trabalho de resgate da família chegou a identificar algumas delas, mas não todas. Lamentavelmente, o Banco do
Brasil, enquanto instituição governamental, não correspondeu à busca e ao levantamento das obras de Paulo Werneck em suas
agências. Uma pena.
É importante, no entanto, ressaltar um caso exemplar que merece ser lembrado e comentado.
Trata-se de uma agência do Banco do Brasil, exclusiva para clientes abonados, ditos “Estilo”, no Posto Seis de
Copacabana, no Rio de Janeiro. Ali, ao proceder a uma reforma das instalações, o gerente geral encontrou por trás de uma parede
forrada de gesso uma obra-prima assinada por Paulo Werneck. Seu tirocínio logo o fez perceber que se tratava de um painel
de grande importância histórica, artística e estética. De pronto, providenciou sua recuperação, vindo a reinaugurá-lo ao final
da restauração com pompa e circunstância. A recuperação da obra valeu uma festa – coisa rara em agências bancárias –
com direito a registro noticioso e fotográfico na revista Caras dos ilustres descendentes de Paulo Werneck: a filha, Regina
Werneck, e os netos Paula Saldanha, Gaspar e Cláudia.
REPARE BEM O QUE ERA A PAMPULHA DE ANTES |
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UMA BURAQUEIRA SÓ AMEAÇANDO PIORAR |
É um pouco difícil classificar as obras de Paulo Werneck por sua importância. Na minha
leitura, todas são importantes, mas ninguém pode ignorar o peso representativo da obra de revestimento que efetuou na Pampulha,
a convite de Oscar Niemeyer. Coube a ele cobrir toda a capela de São Francisco de Assis.
Algumas décadas depois, a cobertura em mosaico necessitou de restauração, que foi assumida
pelo esquema Globo de comunicações. Ao fazê-lo, os restauradores constataram que o problema da perda gradual de pastilhas
não era decorrente de falha do revestimento, mas sim das tensões nas estruturas em curva, que geravam a desagregação das pastilhas.
Ainda aí, a família de Paulo Werneck foi em socorro da empresa de restauração, providenciando pastilhas originais necessárias
ao reparo, que se encontravam no bunker-ateliê do artista, no bairro de Laranjeiras.
Nos anos 50, o artista fez os painéis de entrada do prédio do Edifício Marquês de Herval,
na avenida Rio Branco, 185. Esses trabalhos foram tombados pelo prefeito César Maia, por constituírem marco modernista da
vida da cidade. O prédio é obra da antiga construtora MMM Roberto e foi a primeira edificação modernista da Avenida. Seu acesso
se dá por uma rampa helicoidal que leva ao subsolo, onde se localiza a famosa Livraria Leonardo da Vinci, a principal importadora
de livros de arte do Rio de Janeiro.
Enfim, a fiscalização do patrimônio público ainda é coisa rara no Brasil. Os herdeiros
de Werneck têm interesse direto nessa preservação, mas qualquer pessoa pode avaliar como é difícil neste país evitar estragos
de obras de arte em área pública.
Em
maio de 2003, estive no local e fui surpreendido pelos estragos que a reforma da rampa provocava no painel de Werneck. Os
pedreiros despejavam sobre ele resíduos de argamassa, que se somavam às vazões do sistema de ar condicionado, sujando a obra
em toda sua extensão. Denunciei o problema na seção “carta ao leitor” do jornal O Globo, que, três dias depois, levou minha denúncia à Secretaria Municipal de Preservação do Patrimônio. A ação
foi fulminante e a obra, embargada. A prefeitura exigiu a reparação do problema e a limpeza do painel. Retornei ao local um
ano e meio depois. Encontrei uma parte restaurada e outra continuamente atingida por algum tipo de infiltração de águas pluviais
na parede onde a obra se encontra.
Apesar de possuir todas as credenciais para a defesa das obras de Werneck, sua neta, professora
Cláudia Werneck, depara-se, muitas vezes, com dissabores e incompreensões em sua luta pela preservação dos painéis de autoria
do avô. Em outubro de 2004, alertei-a para um mural que estava indo a pique na
rua Belisário Távora, 221, em Laranjeiras, no Rio de Janeiro. No local, havia uma casa que acabara de ser demolida para, em
seu lugar, erguer-se um edifício com pavimentos que excedem as especificações daquela via. Ao final da demolição, restara
um muro decorado com um painel vistoso de Paulo Werneck. O dono da casa demolida decidiu retirar pessoalmente o mural do artista,
pedaço por pedaço. Alegou que levaria as peças para recolocá-las em outra propriedade. A neta de Werneck procurou-o imediatamente,
dialogou com ele e ponderou que uma obra daquela envergadura exigiria a presença de uma equipe de especialistas, ou seja,
de restauradores habilitados para garantir o sucesso da empreitada. Seus argumentos não foram ouvidos e 24 horas depois o
mural desapareceu completamente do local. A neta ainda conseguiu recolher algumas das peças abandonadas no terreno que acabaram
participando da exposição que ela promoveu alguns anos depois no Paço Imperial, no Rio de Janeiro.
Os anos 60 levaram Paulo Werneck até Brasília, novamente a convite de Oscar Niemeyer,
seu confrade de colégio. Na nova Capital, Werneck realizou, além da obra para o Edifício Anexo do Itamaraty (oitavo andar),
um outro painel em pastilhas cerâmicas para o Senado Federal, no pavimento térreo, na saída que dá para a rua de serviço,
a caminho do Prodasen e da Gráfica do Senado. O painel está íntegro, mas os burocratas do Senado o tratam com o desprezo que
caracteriza a falta de conhecimento sobre a importância da obra, sempre escondida por instalações pesadas de recepção e portaria.
Na Capital da República, Werneck também executou uma obra de baixo relevo para o edifício
da Telebrás, onde hoje se aloja a Anatel (foto acima). É uma obra singela, que guarda certa semelhança com uma outra, de igual
característica (baixo relevo) no Senado Federal.
No Hotel Brasília Palace, localizado próximo ao Palácio da Alvorada, Paulo Werneck também
aplicou uma obra em mosaico, que desapareceu quando o prédio pegou fogo, ao final dos anos 90. No início do século XXI, o
Hotel Brasília Palace foi reconstruído, mas o empresário-construtor Paulo Octávio, que refez o prédio, ignorou solenemente
a oportunidade de restaurar o painel do artista. Não é de estranhar. Paulo Octávio, para quem não sabe, foi vice-governador
de Brasília que renunciou ao cargo pouco depois da prisão do seu companheiro de chapa, José Roberto Arruda.
Paulo Werneck também projetou o desenho em
mosaico para revestimento da área externa do Edifício-sede do Banco da Amazônia, que depois se transformou no edifício-sede
do Banco Regional de Brasília, no centro da cidade. A maioria dos moradores do Plano Piloto passa diariamente pelo local,
sem atentar para aqueles desenhos coloridos, que se repetem na fachada do banco e que dão personalidade ao prédio. Certa vez,
estacionei por ali para fotografar a obra e identificar as iniciais do artista (PW), que marcam todas suas obras. Cheguei
a duvidar que o painel fosse dele, pois avistei, a três metros de altura, as letras “Md”. Levei algum tempo meditando
até me dar conta que as letras, em pastilhas, foram pregadas invertidas! Na verdade, as letras não são “Md”, mas
simplesmente “PW” de cabeça para baixo!!!
Infelizmente, esta é a realidade: pouca gente se dá conta da importância, da extensão
e da presença da obra do mosaicista. Uma das maiores estudiosas de arte musiva na Europa, a artista Giovanna Galli, uma franco-italiana
nascida em Ravenna e estabelecida na França, procedeu a um levantamento sobre autoria dos mosaicos conhecidos da Antiguidade
clássica e concluiu que apenas dois mosaicistas chegaram a inscrever seus nomes nas obras que realizaram. A quase totalidade
dos mosaicos do período romano e bizantino é absolutamente “anônima”.
Não me conformo que uma obra tão recente como a de Paulo Werneck seja tratada desta maneira,
apenas porque escolheu a linguagem das tesselas para exprimir sua arte. Antes de se tornar mosaicista, fez pintura, desenhos
e ilustrações, inclusive para jornais. Sua obra é tão vasta que bem merece uma fundação para resgatá-la. Certa feita descobri
um teatro criado no Rio de Janeiro em 1954, o teatro Armando Gonzaga, localizado no bairro de Marechal Hermes, que contém
dois painéis de Paulo Werneck. E o curioso é que, no bairro, o teatro é o único espaço de convívio e diversão dos moradores,
que não dispõem de nenhum estabelecimento de cinema, nem shopping, galeria ou museu.
E para arrematar este artigo, concluí-lo e atualizá-lo, reproduzo aqui a reportagem que
foi publicada neste mês de março de 2010 pela revista Arquitetura e Construção,
mostrando a casa da filha de Paulo Werneck, Dona Regina, na ilha de Paquetá (projeto
MM Roberto) e o belíssimo painel na parede de acesso à residência.
HGougon, abril de 2010
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