Depois de padecer
quase duas décadas de abandono, o painel “Os estivadores” de autoria do artista cearense Zenon Barreto, acaba
de ser completamente restaurado, voltando a exibir todo o vigor de sua expressão plástica no Centro de Fortaleza.
Durante os últimos
anos, o estado de abandono da obra envergonhava a cidade, era uma espécie de chaga aberta no núcleo do espaço urbano. Dela
despencavam quase diariamente algumas das pastilhas cerâmicas que compunham a obra.
Aqui mesmo, neste
espaço, pudemos denunciar a situação de penúria do prédio e do painel de sua fachada, apontando a necessidade de resgatar
a integridade da obra de Zenon Barreto, um dos maiores expoentes das artes visuais cearenses.
Pois agora o trabalho
foi feito, com muita dedicação e carinho da parte dos artistas do mosaico que executaram a recomposição das milhares de pastilhas
que faltavam na obra. São eles: Alessandra Cordeiro, Edson Felipe, João Paulo Cordeiro e Francelino Silva. Na empreitada atuou
a firma AnimaCult, tendo a coordenação técnica de Lia Parente, a coordenação executiva de Glícia Gadelha, contando ainda com
o restaurador Fred Barros. Ou seja, foi tudo planejado e executado profissionalmente.
A dimensão do painel é da ordem de 9,4 metros por 7,7. Devido ao desaparecimento
das pastilhas originais, algumas cores tiveram que ser alteradas, mas outras foram procuradas com tonalidades bem próximas
das que despencaram da obra. O filho de Zenon, Fred Barreto, foi consultado permanentemente ao longo do trabalho.
Originalmente, o
prédio Centro dos Exportadores abrigava o Bancesa, que foi fechado no governo de Fernando Henrique Cardoso. Abandonado, o
prédio foi-se deteriorando, até que em 2009 a Secretaria de Fazenda ocupou seus espaços, após uma reforma interna.
Mas a fachada, que abriga o painel de Zenon Barreto, permaneceu do mesmo jeito, apodrecendo, vítima do desamparo, até meados
de 2010, quando, finalmente, a Secretaria de Cultura decidiu recompor a obra.
Enfim, tudo bem quando
termina bem. Não há mais o que fazer, senão cumprimentar a todos os que se envolveram com o resgate o painel de Zenon Barreto,
devolvendo a este filho de Sobral a honra e a glória de ter deixado para a posteridade o esplendor de uma obra gigantesca,
que coloca o Ceará no patamar elevado da modernidade artística nacional.
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