Arqueologia do mosaico romano: um estudo de caso, o leão está de olho
O relato que se
segue não faz parte do universo de conhecimento da arte do mosaico conforme
aqui se registra, tanto do período modernista quanto daquele que se projeta na contemporaneidade. O que nos deparamos agora
é com uma área cuja abordagem surpreende porque se trata de estudos sobre obras em mosaico no periodo do Império Romano no
Século II d.C. efetuados por uma especialista ilustre, a brasileira Regina Maria da Cunha Bustamante.
É uma área que nem passa pela cabeça dos brasileiros
que seja cultivada por aqui nos meios acadêmicos e universitários. Ocorre que a disciplina existe, desperta interesse entre
muitos jovens ilustrados deste país e encontra na Doutora Regina Maria da Cunha
Bustamante uma titular refinada, dotada de um arcabouço teórico
invejável para examinar questões da Antiguidade Clássica.
A bem da verdade, é preciso esclarecer que seu campo de conhecimentos e titularidades são muito mais amplos. Ela é uma professora
de referência no Brasil. Entre suas monografias e obras publicadas há trabalhos como “Olhares do Corpo”, "Dialogando
com Clio", "Memória e Festa", "Violência na História" e muitos outros.
O que chama atenção e exige uma reflexão dos mosaicistas brasileiros é o estudo que a Professora Bustamante realizou sobre
um painel em mosaico com a figura de um leão localizado na África Proconsular romana, mais exatamente onde hoje se situa hoje
a Tunísia. Com seu cabedal de conhecimentos de História Antiga e de Semiótica,
ela decodificou a imagem e a inscrição romana sobre a figura do leão, mostrando que seus signos e significados vão muito além
do que a simples visão de um animal selvagem.
A professora deu à sua pesquisa o título “O leão está de olho”, que, desde logo,
já indica que a função do mosaico do animal não está longe daquela que a Receita Federal brasileira pretendeu quando escolheu
o leão para simbolizar sua atividade no Brasil. Como o trabalho da pesquisadora é vasto, rico de citações e referências é
recomendável que o interessado busque informação na Web, onde o trabalho da professora Bustamante pode ser lido na íntegra, o que é uma generosidade para com os internautas que se interessam
por mosaicos e para que possam entender a importância que a arte musiva teve na Antiguidade.
A
monografia pode ser localizada em: (www.revistafenix.pro.br), mas
é preciso deixar claro: a obra é vasta, densa, profunda e exige iniciação científica específica. Quem tiver interesse deve
ir direto ao trabalho da professora Bustamante em: http://www.revistafenix.pro.br/PDF10/DOSSIE8.Regina.Maria.da.Cunha.Bustamante.pdf
O envolvimento de Regina Maria da Cunha Bustamante com os estudos de História
Antiga a partir de considerações sobre obras em mosaicos da Antiguidade também desperta interesse acadêmico entre seus alunos,
como aconteceu com Danielle Sant’Ana de Albuquerque, aluna de graduação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro
que, sob sua orientação, elaborou dissertação sobre o imaginário marinho da sociedade afroromana.
Tal como a professora,
Danielle também teve a generosidade de expor seu trabalho em páginas específicas da Web, destinadas a estudos avançados sobre
o Império Romano. Vale a pena conhecer sua pesquisa clicando em www.nea.uerj.br que é o site do Núcleo de Estudos da Antiguidade da Uerj. Para lastrear sua pesquisa,
Danielle valeu-se de duas vistosas obras em mosaico, ambas abrigadas no Museu do Bardo, na Tunísia. São elas: Triunfo de Dionísio,
do século III d.C. e Ulisses e as Sereias, do século IV d.C.
|