EM MINAS, MOSAICO E RELIGIOSIDADE, ARTE E INTEGRAÇÃO SOCIAL
O mosaico religioso em espaço público mineiro |
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Obra de reconhecimento público pela beleza da iniciativa |
A ocupação do
espaço público com a arte do mosaico ainda cresce lentamente em todo o país, mas já conquistou uma
posição muito clara e referencial em algumas capitais e cidades do interior, definindo uma estética própria, de contornos
reconhecíveis, aplaudida por parcela majoritária da população. O avanço da arte dá-se de forma transparente, gradual e segura,
sendo o povo das ruas, a pé ou em viaturas, o principal receptor e admirador dessas intervenções em áreas urbanas.
O crescimento
pode ainda ser lento, mas é verdadeiro e sólido. Já não se trata mais de um simples modismo, mas de uma arte que todo dia
ganha popularidade nas ruas, nas praças, nas avenidas movimentadas, nas paredes
externas e até mesmo em escadas, como ocorre no Rio de Janeiro através do trabalho do artista chileno Jorge Selarón, consagrado
com os mosaicos que cobrem as escadarias do Convento que se iniciam nos Arcos e sobem até Santa Teresa, no centro da cidade.
Também é sempre importante lembrar dos trabalhos colossais de Bel Borba em túneis, encostas, pontes e tantos outros espaços
públicos imprevisíveis tanto na cidade de Salvador como em outras cidades baianas do interior.
Obra de Marly Machado e Jussara Moreira |
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Oratório Urbano: a arte e a religiosidade |
Temos visto de
tudo nessa área das intervenções com mosaicos, mas há um caso em especial que, apesar de ser bastante conhecido na cidade
onde se localiza, Belo Horizonte, merece ser mais apreciado e dimensionado por sua importância, beleza e pela intenção social
das pessoas responsáveis pela iniciativa.
É importante
destacar aqui o trabalho significativo que Marly Machado e Jussara Moreira, ambas funcionárias da
Cemig, vem realizando com a linguagem do mosaico através de sua difusão junto a comunidades carentes da periferia de Belo
Horizonte, permitindo que muitas crianças de rua aprendam a se valer de materiais recicláveis, sobretudo quebras de azulejos,
para elaborar objetos utilitários (ou não) através da assemblage ou dos encaixes próprios do fazer musivo.
A primeira obra
de grande visibilidade de Marly Machado foi Adoratório Urbano em frente ao número 800 da Avenida Carlos Luz, em Belo Horizonte. Trata-se de um mural que descreve com
cacos e quebras de azulejo as formas das casinhas do interior de Minas e as Igrejas barrocas dos espaços históricos mineiros,
tudo isso envolvendo, em degraus, um Cristo Redentor, formando um conjunto gracioso e comovente, em plena área nervosa das
vias públicas de BH.
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Obra social com patrocínio da Cemig |
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Mosaico, visibilidade cada vez maior no país |
Não
são apenas obras grandiosas que estão no dia-a-dia de Marly e Jussara. Elas também se dedicam a um projeto patrocinado pela Cemig, denominado Oficina de Mosaico, através do qual ensinam moradores
de municípios vizinhos, como Braúna e Juatuba, a empregar a técnica do mosaico para realizar objetos e aumentar a renda familiar.
Já vi
esse filme antes em muitos lugares do Brasil e sei que em todos eles, o reconhecimento se dá com a melhoria do amor próprio
dessas comunidades beneficiadas e também com o agradecimento das populações pelas obras coloridas que começam a brotar nos
espaços públicos, no revestimento de bancos, calçadas, paredes, etc... Na Paraíba da grande personalidade Núbia Gonçalves,
o mosaico tem ocupado posições importantes no visual de quase
todas as cidades do Estado e até mesmo em algumas dos Estados
vizinhos. Há que se relatar o forte paralelismo que se anota neste caso já que em ambas iniciativas, o elemento fundamental
de envolvimento dos jovens são dois: a arte do mosaico e o
sentimento religioso, observado tanto no trabalho em Minas quanto o que se vê na Paraiba.
Gougon, em setembro de 2008
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