O RETRATO DE DONA
CARMELA SALGADO, VIÚVA DO DEPUTADO PLINIO SALGADO
A Ação Social do Planalto- ASP, foi uma entidade filantrópica
fundada em 23 de setembro de 1963, por Carmela Salgado e um grupo de pioneiras, preocupadas, já naquela época, com o grande
número de crianças de rua na Capital da República recém inaugurada.
Seu nome de solteira
era Carmela Patti. Veio a casar-se com o líder do Movimento Integralista, Plínio Salgado, muitos anos depois do falecimento
da primeira esposa, Maria Amélia Pereira.
Da. Carmela era
mulher muito pia, tinha uma personalidade forte e de grande presença na vida da cidade. Teve trabalho social expressivo nos
primeiros anos de Brasília. Além da entidade filantrópica, partiu dela a iniciativa de realização da primeira Festa dos Estados
na Capital da República, iniciativa plantada originalmente no interior da Superquadra Sul 105, que era então uma das melhores
áreas residenciais do Plano Piloto.
No espaço da Fundação
Social do Planalto, localizado ao final da Avenida L-2 Sul, foi realizado e aplicado numa parede lateral à entrada do prédio
um painel em mosaico reproduzindo uma foto de rosto. A obra é toda confeccionada com pastilhas pretas, brancas e diversos
tons intermediários de cinza.
Depois de mais de quatro décadas, a obra filantrópica de Dona Carmella Salgado foi para o espaço, o prédio foi vendido na
bacia das almas para uma grande construtora fazer um edifício de muitos andares
após uma manobra questionável descrita pelo jornal CORREIO BRAZILIENSE, publicado em Brasília.
Também não há mais
informação sobre o painel em mosaico que retratava a velha senhora. Leia abaixo a denúncia publicada pelo jornal brasiliense:
Terrenos avaliados em R$ 60 milhões foram arrematados por R$ 3 milhões
Ana Maria Campos
Publicação: 03/07/2011 08:00 Atualização:
Por omissão, a Companhia Imobiliária de Brasília (Terracap) deixou
de faturar R$ 60 milhões com a venda de dois terrenos, dinheiro que poderia ser revertido em melhorias na infra-estrutura
urbana ou aplicado na reforma do Estádio Nacional Mané Garrincha, a mais recente aquisição da empresa do Governo do Distrito
Federal. O prejuízo aos cofres públicos significa lucro fácil para a iniciativa privada. Foi o que ocorreu com uma operação
que resultou na venda de dois lotes na L2 Sul, área nobre do Plano Piloto, para uma incorporadora por R$ 3.060.000, aproximadamente
5% do valor de mercado.
Os terrenos estavam, desde 1968, sob a responsabilidade de uma entidade com fins beneficentes,
a Ação Social do Planalto. Ela os recebeu da Novacap, a administradora à época de áreas públicas desapropriadas na construção
de Brasília, quando havia fartura para ocupações imobiliárias na nova capital. Mesmo assim, a doação dos dois lotes, que ocorreu
como incentivo para iniciativas de caráter assistencial, teve a ressalva de que estes jamais poderiam ser vendidos, alugados
ou emprestados, sob pena de revogação da transação. Devido a uma dívida, de valor irrisório diante do patrimônio em questão,
a Justiça do Trabalho suspendeu a cláusula de inalienabilidade dos terrenos.
A Ação Social do Planalto acabou condenada
a pagar R$ 9.225,21 a Euridice Guilherme, a título de verbas salariais pendentes. A entidade não quitou a dívida e a 3ª
Vara do Trabalho de Brasília abriu processo de execução que resultou na penhora do único bem à disposição da devedora, os
dois terrenos localizados na 616 Sul, cada um com 7,5 mil metros quadrados. Para a Justiça do Trabalho, a prioridade é o pagamento
dos débitos atrasados ao empregado que venceu a causa. Por isso, o bem foi levado a leilão. A Terracap, no entanto, não tomou
providências judiciais para reaver um patrimônio que, ao perder a finalidade de abrigar a entidade social, pertenceria à empresa
pública por direito.
O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) abriu investigação para apurar
o caso, por meio das Promotorias de Defesa do Patrimônio Público e Social (Prodep). Em 10 de maio último, o MPDFT enviou ofício
à Terracap requisitando informações sobre as providências tomadas para evitar ou reverter a operação. Desde a última sexta-feira,
o Correio tenta obter da Terracap uma posição sobre a venda dos terrenos, mas a assessoria de comunicação da empresa não retornou
à reportagem.
Centro clínico A Linea/G Empreendimentos
Imobiliários Ltda arrematou os dois terrenos em leilão, ocorrido em novembro de 2008, e os incorporou ao patrimônio da GP4
Empreendimentos Imobiliários, uma vez que a primeira empresa é a sócia majoritária da segunda. No local, a GP4 pretende construir
um centro comercial denominado Linea Vitta Centro Clínico, empreendimento com três blocos, sendo dois com cinco pavimentos
e um com seis. No total, serão colocadas à venda 347 unidades, entre salas e lojas. Com o metro quadrado avaliado em pelo
menos R$ 5 mil naquela localidade, a incorporadora poderá ter um faturamento bruto estimado de R$ 86 milhões.
O MPDFT
já se debruçou no assunto, por meio de uma das Promotorias de Fundações. A análise, no entanto, referiu-se ao eventual prejuízo
à entidade social. Por considerar que o bem foi arrematado por preço vil, os promotores intermediaram um termo de ajustamento
de conduta pelo qual a Ação Social do Planalto receberá uma parte do lucro obtido pela GP4 com a alienação dos imóveis do
novo centro comercial. Pelo acordo, a Ação Social do Planalto receberá 27% da edificação a ser construída nos lotes onde funcionou
a sede da entidade durante 40 anos. Terá condições, assim, de adquirir outro terreno e implantar uma nova área para trabalhar.
Apenas a Terracap ficou no prejuízo.
Nos dois lados Não se pode alegar que a Terracap esteve totalmente
alheia à negociação envolvendo os dois terrenos sob a responsabilidade da Ação Social do Planalto, na 616 Sul. A empresa que
arrematou em leilão os dois lotes de posse da entidade é defendida em causa no Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios
(TJDFT) por um advogado que também representa a Terracap em demandas judiciais. Flavio Luiz Medeiros Simões tem procuração
para atuar em benefício da Linea/G Empreendimentos Imobiliários Ltda em pelo menos um processo que tramita na 4ª Vara Cível
de Brasília. Até o ano passado, ele era presidente da comissão de licitação da Terracap e advoga em favor da empresa pública
em mais de 500 processos judiciais.
Não é a primeira vez que Simões atua para uma empresa que tem interesses comerciais
em áreas que estiveram sob a gestão da Terracap. Ele também tem procuração para representar a empresa Asa Sul Empreendimentos
Imobiliários, que comprou dois terrenos da Terracap, situados na W3 Sul e que estiveram inadimplentes durante meses no ano
passado. O Correio tentou contato com o advogado por meio da assessoria de comunicação da Terracap, mas não obteve retorno.
Na Linea/G, a informação é de que apenas o responsável pela empresa, Georges Hajjar Júnior, poderia responder pelos negócios
empresariais. Mas ele não quis dar entrevista.
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