Nos jardins do templo Zen, o Buda de Inimá |
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Instalado em 1984 nos altos do Morro São Sebastião, na cidade mineira
de Ouro Preto, o Templo Zen Pico dos Raios é uma área aberta à prática budista, que desperta a curiosidade de boa parte dos
turistas em visita àquela cidade. Funcionava anteriormente como mosteiro, que acabou transferido para a cidade de Lavras Novas,
a poucos quilômetros dali, passando a se chamar Mosteiro Zen Serra do Trovão. Em Ouro Preto, as instalações do antigo mosteiro
deram lugar ao templo, também aberto para cursos, oficinas e outras atividades, admitindo hospedagens, visitações e doações
de simpatizantes e praticantes.
Um desses simpatizantes foi o grande artista mineiro Inimá de Paula,
que doou uma obra belíssima realizada em mosaico, retratando a figura de Buda, colocada sobre uma murada de pedra, bem na
entrada do templo. Tive a feliz oportunidade de visitá-lo nos primeiros dias de 2004, quando pude testemunhar a riqueza do
trabalho, que é uma expressão diferenciada da inspiração mais divulgada do artista, aluno dileto do artista plástico Gino
Severini, que o iniciou, em 1954, na arte do mosaico, conforme a ensinava na Académie de La Grande Chaumière, em Paris.
Inimá tornou-se um mestre em mosaicos, passando a dar aulas na Escola
Municipal de Belas Artes, em Belo Horizonte, para um sem número de alunos.
A figura de Buda no Templo Zen de Ouro Preto foi realizada com quebra
de cerâmicas e azulejos, sendo envolvida com tesselas de mármores brancos, capixaba, cortados manualmente, proporcionando
um resultado muito luminoso que não permite a ninguém passar indiferente. É uma obra que guarda certa singularidade no elenco
de outras obras em tela deixadas por Inimá, que o situam antes como um paisagista. O elemento comum é o das cores, vistosas
e fortes como nos pincéis do artista.
Inimá José de Paula nasceu em Itanhomi, pequeno município desmembrado
de Caratinga (MG) na década de 20. Cedo se mudou para o Rio de Janeiro, onde se fixou no bairro de Santa Teresa, conhecido
por abrigar ateliês artísticos de qualidade. Crescido no convívio com nomes como Pancetti, Milton Dacosta e Yoshia Takaoka
(outro que também iria a Paris tomar aulas de mosaico com Severini), Inimá de Paula partiu para o Ceará em meados da década
de 40 para fundar a Sociedade Cearense de Belas Artes, ao lado de Aldemir Martins, Antônio Bandeira e outros. Em 52, ganhou
de prêmio uma viagem ao exterior, que era prática comum do Salão Nacional de Belas Artes, concedida aos melhores artistas
naquela época, mas hoje, lamentavelmente, abandonada. Inimá viajou dois anos depois para Paris, onde estudou com Severini
não apenas mosaico, mas desenho e pintura mural. Na década de 60, lecionou na Escola Municipal de Belas Artes, em Belo Horizonte, e também na Escolinha Guignard,na mesma cidade.
Na primeira, ministrou cursos de mosaico, formando toda uma geração de mosaicistas. Estabelecido na capital mineira, ali trabalhou
até a sua morte, ocorrida em 1999. Legou aos mineiros uma Fundação que leva seu nome, e que visa à catalogação, divulgação
e preservação de sua obra.
H.Gougon
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