Júlio Carvalho resgata a memória de Porto Velho e colore a cidade com suas obras em mosaico

Um dos filhos mais ilustres da Rondônia dos tempos de hoje, o artista plástico Júlio Carvalho vem reescrevendo a paisagem de sua terra com esculturas, obras em baixo relevo de materiais diversos e sobretudo com painéis em mosaico de cores fortes e tropicais.

Tendo se profissionalizado em São Paulo, Júlio Carvalho realizou seus primeiros trabalhos artísticos em pintura e guache, passando depois para peças de porte, de natureza escultórica, inspiradas, muitas delas, em lendas de sua terra e de sua gente.

Calcula-se que sua produção artística seja da ordem de mais de 1200 peças já produzidas em várias linguagens plásticas, muitas delas em mãos de clientes exigentes do centro-sul do país.

São de extração mais recente as obras de intervenção em área pública, a maioria em Porto Velho, muitas das quais na forma de vistosos painéis em mosaico que embelezam sua cidade natal, dando um colorido novo aos espaços públicos da cidade.

Nessa vertente plástica do mosaico, sem dúvida a peça mais notável é o mural que decora as laterais externas do Centro Cultural Ivan Marrocos, em Porto Velho, um trabalho competente, maduro e de grande visibilidade na capital de Rondônia.

De tanto vivenciar o espaço urbano, emocionando-se com a acomodação de prédios novos e antigos em Porto Velho,  o artista Júlio Carvalho acabou escrevendo o livro  "Um olhar sobre o urbanismo e a arquitetura de Porto Velho"  no qual analisa as mudanças consideráveis da cidade desde 1903, quando foi assinado o Tratado de Petrópolis, que incluiu o compromisso brasileiro de construir a ferrovia Madeira-Mamoré, até 1972, ano em que a ferrovia foi desativada. 

No livro, o artista aborda a convivência entre os modelos de arquitetura encontrados na cidade, desde o modelo industrial, inspirado na construção da ferrovia, lado a lado com o  velho colonial, chegando ao Art Deco e  ao modernismo, para amadurecer no ecletismo dos dias de hoje. O artista observa que em todas essas fases, há forte influência da mão de obra portuguesa.

Sendo um trabalho de fôlego, que levou quatro anos de pesquisas até ser lançado em setembro de 2009, o que se pode concluir é que qualquer nova edição sobre a mesma temática do espaço urbano de Porto Velho exigirá do autor uma inclusão de estudos sobre o impacto das obras do artista na vida da cidade. Afinal, o conjunto de sua produção artística vem alterando sensivelmente a paisagem de Porto Velho, tornando-a mais bonita, mais aprazível e mais contemporânea.  Certamente suas peças em mosaico têm contribuído decisivamente para a formação de uma cultura mais sólida, mais alegre e mais humana na capital do Estado.

hgougon, dez. 2010