O norte-americano Robert Markey viaja ao Mato Grosso do Sul para ensinar crianças carentes a fazer mosaicos
Nos anos de chumbo
da ditadura militar brasileira era comum a presença de enviados “civis” dos Estados Unidos em locais distantes
dos grandes centros, especialmente na Amazônia, a pretexto de “ajuda” em diversas áreas de atividades sociais,
econômicas e culturais.
Nas áreas indígenas
mais distantes também era comum a vinda de “missionários” norte-americanos, cujas atividades e propósitos quase
nunca ficavam muito claros. Foi o tempo dos chamados “Peace Corps” (Voluntários da Paz), que desembarcavam em
diversas localidades do país, a pretexto de “ajuda” e quase sempre geravam um sentimento de desconfiança e medo.
Os tempos mudaram,
os brasileiros retomaram as rédeas de seu destino e o processo democrático ganhou uma dimensão tão grande que ficou sepultado
para sempre esse período tenebroso da vida nacional, marcado por forte intromissão dos agentes dos EUA em uma infinidade de
comunidades distantes e pouco conhecidas do território nacional.
Pois foi no novo
clima político que vive o Brasil de nossos dias que chegou ao país o artista plástico norte-americano Robert Markey, disposto a passar seu conhecimento de técnicas de mosaico para crianças e adolescentes
de comunidades carentes.
No primeiro semestre
de 2009, ele permaneceu por mais de um mês envolvido com a realização de seu projeto, primeiramente em Campo Grande,
passando em seguida à cidade de Rio Verde, também em Mato Grosso
do Sul. Contou com apoio da Polícia Ambiental de Campo Grande para selecionar os meninos interessados no trabalho de realização
de mosaicos retratando os bichos da região, como onça, capivara, avestruz e muitos outros da rica fauna mato-grossense.
Na confecção das
peças, Markey recorreu à argamassa e aos cacos de azulejos, conseguindo um resultado muito feliz, que agradou às crianças
e às professoras pelo clima de entendimento conseguido com a iniciativa.
Sua chegada a Campo
Grande foi saudada como a vinda de “um artista plástico americano que realiza projetos de cunho social ao redor do mundo”.
Em outras ocasiões, Markey utilizou carpintaria, pintura em tela e esculturas para atrair o gosto das crianças pelas artes,
mas nesta última visita, o que ele empregou foi a quebra de azulejos para levar os meninos e meninas à realização de mosaicos
com representação dos bichos da fauna regional.
Não houve na empreitada
nenhuma angariação de recursos. Tudo partiu mesmo do bolso do artista norte-americano, que se diz recompensado por ter conseguido
interessar crianças carentes do Mato Grosso do Sul no projeto de realização de obras em mosaico.
Todas as peças foram
afixadas sobre as paredes da Escola Municipal Hércules Maymone e o conjunto da fauna retratada é um verdadeiro marco de redenção
para as crianças da região, que agora tem uma habilitação para continuar o trabalho. O gesto do norte-americano Robert Markey
merece aplausos, especialmente se tiver despertado entre os meninos o prazer da realização artística.
HGougon,
julho de 2010
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