FÁTIMA CAMPOS, A ARTISTA QUE COLOCOU O
PIAUÍ NO MAPA DO MOSAICO NACIONAL
O forte arranque
da economia brasileira ao longo dos últimos anos atingiu o Piauí, que vem passando por um crescimento ainda discreto, mas
capaz de surpreender os que têm viajado por aquelas bandas. Sua estreita faixa de litoral não impede que venha recebendo turistas
em número crescente. E novos atrativos encantam seus visitantes como as áreas de exploração arqueológica que trazem à luz
o vigor das pinturas rupestres dos habitantes primordiais das terras piauienses.
O delta do Parnaíba
atrai por seus encantos naturais, mas é a capital, Teresina, que passa, nos dias de hoje, por uma modernização contínua,
com o surgimento de construções novas, muitas das quais abrigando faculdades e escolas que contribuem para o aprimoramento
técnico e científico de sua gente.
Nesse quadro, é natural
que tenham surgido nos últimos anos muitos artistas envolvidos com obras modernas e contemporâneas, que nada devem em criatividade
e excelência aos centros tradicionais da vanguarda brasileira, quase todos situados no eixo Rio-São Paulo.
Neste contexto, não
deveria surpreender a ocorrência de grandes painéis em mosaico ornando as novas construções.
Essas obras começam a surgir, mas até naquilo que poderia ser apenas um simples detalhe, o que se vê é a força criadora
do artista piauiense.
Na fachada exterior
da nova Câmara de Vereadores, foi implantada recentemente uma obra de envergadura
e de grande força criativa não apenas por sua expressão estética, mas também pelo suporte criativo empregado na sua execução.
A autora é a experiente
ceramista Fátima Campos, que compôs o mosaico com pedaços de cerâmica, moldados e pintados um por um, dando ao conjunto uma
beleza plástica alucinante. A obra fala por si mesma, não há necessidade de explicação teórica, mas muitos piauienses que
passam pelo local associam o conjunto da obra ao desenho de uma serpente. É uma suposição que não requer resposta. Cada um
vê o que quer. A grande unanimidade é o reconhecimento de que o conjunto projeta um trabalho cromático harmonioso, como
resultado da junção delicada de cada pedaço cerâmico.
Só uma coisa faz
falta na obra: caberia à Câmara dos Vereadores providenciar, com urgência, uma placa identificadora com o nome da artista
e o ano de realização do painel. É uma falha imperdoável que isso ainda não tenha ocorrido. É o mínimo de reconhecimento e
respeito que deve ser prestado à artista e à vanguarda estética piauiense.
Para encontrar o
autor da obra foi um verdadeiro parto. Na Web não existia, até agora, nenhuma referência. O único recurso que restou ao autor
desta página, foi recorrer aos préstimos do gabinete do senador piauiense Heráclito Fortes, em Brasília, que logo forneceu
o nome, telefone e endereço da autora, a artista Fátima Campos. Ela reside na rua João Emílio Falcão, nome de um ilustre piauiense
que foi um pioneiro e mestre de jornalismo nos primeiros anos da Capital da República, tendo trabalhado ao
lado de outro grande mestre, originário do Piauí, o jornalista Carlos Castello Branco, ele também nome de rua em
Teresina. Já o senador Heráclito Fortes mora num prédio chamado
Mário Faustino. Em resumo, os piauienses dão valor aos filhos da terra. E os
imortalizam nas principais artérias viárias da capital.
Além do painel na
Câmara de Vereadores, a artista Fátima Campos compôs outro para o auditório da Universidade Novafapi, empregando a mesma técnica,
compondo as tesselas de sua obra em pedaços cerâmicos, para formar um grande mosaico colorido, peça por peça. Além desses, já vem trabalhando na execução de uma terceira obra do mesmo gênero para um prédio de engenharia
na capital piauiense.
Enfim, com seus trabalhos
diferenciados tecnicamente e de resultados visuais surpreendentes, Fátima Campos colocou o Piauí no panorama do Mosaico nacional,
ocupando um espaço de destaque pela inovação técnica, pela harmonia plástica de suas obras e pelo descortino criativo. O Piauí reclama
um novo olhar dos brasileiros de outros Estados para a arte inquietante que floresce em Teresina.
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