In 2003, Italian artist Serafino Faro passed away. He came to Brazil in 1948 and maintained, for five decades, a floundering life always dedicated to the diffusion of mosaic art, which he made with the same competence acquired from the masters of the San Luca Fine Arts Academy, in Italy, where he spent his youth. He left a vast work and a generation of mosaic artists graduated under him at the Vidrotil Technical School, which he ran for 12 years.

            Serafino Faro, um artista caprichoso que devotou sua vida ao mosaico

Um dos maiores expoentes da arte musiva e que muito contribuiu para o seu desenvolvimento no Brasil, o artista Serafino Faro, de origem italiana, faleceu em meados de 2003 em São Paulo aos 88 anos de idade. Nascido em 1915, na Catânia, na Sicília, foi para Roma em 1937 cursar a Academia de Belas  Artes de San Luca, onde obteve sólida formação em diversas técnicas pictóricas, inclusive o mosaico. Em 1948, veio para o Brasil, onde passou os últimos 55 anos.

Aqui, consagrou-se como artista plástico, destacando-se em numerosas linguagens visuais, com ênfase no mosaico, tornando-se professor da arte e responsável pela formação de uma geração de mosaicistas profissionais preparados na escola técnica da empresa Vidrotil, dirigida por ele durante 12 anos. Paralelamente às artes visuais, seus conhecimentos musicais fizeram dele, também por muitos anos, professor titular da Faculdade e Conservatório Marcelo Tupinambá.

De Serafino Faro são algumas obras notáveis espalhadas um pouco por toda parte na cidade de São Paulo, especialmente na decoração de edifícios e residências durante um período em que a arquitetura exigia este tipo de arte. Suas obras foram bem estudadas em tese de mestrado da USP pela arquiteta Isabel Ruas, sócia-proprietária da Oficina dos Mosaicos, um pólo de referência para todo tipo de trabalho musivo com pastilhas de vidro em São Paulo.

A trajetória de Serafino foi além de São Paulo, tendo executado peças em mosaico para Curitiba, Salvador e outras cidades brasileiras.  Suas obras espalham-se hoje por várias partes do mundo em mãos de colecionadores e de Museus dos Estados Unidos, da França, de  Portugal, da Espanha, da Itália e do Japão.

Sua carreira artística riquíssima torna evidente a inquietação interior, mas sempre manteve uma vida pacata e dedicada à família, que hoje trabalha no resgate, perpetuação e homenagem à sua memória.

Além daquelas obras  de sua própria criatividade, Serafino participou da viabilização e execução de outras peças concebidas por companheiros de atividade artística, como o painel do artista Cláudio Tozzi, em mosaico, que orna a estação da Sé, em São Paulo, denominado Colcha de Retalhos. A obra dignifica o espaço urbano e decorre tanto do gênio criativo e vibrante de Tozzi quanto da percepção técnica de Faro, que conseguiu transmitir a mensagem estética do artista-criador do projeto.

Serafino Faro foi desses artistas totalmente dedicados ao mosaico, por ele tratado com a complexidade que a linguagem antiga exigia, aprofundando-se no fabrico de cores novas para poder enriquecer sua paleta de realização mural. Este refinamento o aproximava da escola acadêmica tradicional, prevalecente por muitos anos, que entendia o mosaico como arte para a eternidade, um conceito  questionado hoje pelos mosaicistas contemporâneos que preferem definir a arte musiva como arte complementar à arquitetura.

 Qualquer que seja a definição contemporânea, o fato é que a obra de Serafino Faro revela não apenas conteúdo plástico como também um acento fortíssimo de refinamento e apuro técnico. Nele se fundem o artista e o artesão, o instinto e o racional, o pensamento e a forma - um conjunto múltiplo de emoções e sentimentos como se fora uma aula-magna definitiva sem tempo para terminar.